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Índice de verbetes


Amélie Gabrielle Boudet



Amélie Gabrielle Boudet (Thiais, França 22 de novembro de 1795 - Paris, 21 de janeiro de 1883) foi a esposa de Allan Kardec e sua fiel companheira no trabalho de codificação e propagação do Espiritismo. Formada em Letras e em Belas Artes, atuou ainda como professora e artista plástica. Após a desencarnação do codificador espírita, mantendo-se coerente com os seus princípios fundamentais, a Viúva Kardec deu continuidade às atividades doutrinárias do esposo até quando sua saúde pôde lhe permitir, pelo que é lembrada pelo Movimento Espírita como uma das maiores personagens da História do Espiritismo.


Amélie Gabrielle Boudet, a Madame Kardec



Biografia

Amélie era filha do tabelião Julien-Louis Boudet e de sua esposa, Julie-Louise Seigneat de Lacombe. Cursou o primário na sua cidadezinha natal e em seguida, estabelecendo-se em Paris, formou-se pedagoga na Escola Normal Leiga, que seguia o método educacional pestalozziano.

Além de lecionar letras e belas artes, foi poetisa e artista plástica, com domínio das técnicas tradicionais.

Canuto Abreu assim a descreve, em sua obra O Livro dos Espíritos e sua Tradição Histórica e Lendária (que, portanto, mistura “Histórias” e “lendas”):

“Miudinha, graciosa, muito vivaz, aparentava a mesma idade do marido, apesar de nove anos mais velha. Os cabelos crespos e bastos, outrora castanhos, repartidos ao meio e descidos até os ombros, onde as pontas dobradas se prendiam por sobre a nuca num elo de tartaruga, começavam apenas a grisalhar, dando-lhe ao semblante um ar de amável austeridade. As faces cheias, coradas ao natural, quase sem rugas, denotavam trato e boa saúde. A testa larga e alta, encimando sobrancelhas circunflexas, acusava capacidade intelectual. Os olhos pardos e rasgados, indicavam sagacidade e doçura. O nariz fino e reto, impunha confiança em seu caráter. Os lábios delicados, prontos a sorrir, amparavam seu olhar perscrutador, desarmando prevenções, mas exigindo constante respeito.”
O Livro dos Espíritos e sua Tradição Histórica e Lendária, Canuto Abreu - Cap. 6


A Madame Rivail

Amélie Boudet casou-se em 9 de fevereiro de 1832 com o também professor Hippolyte Léon Denizard Rivail — o futuro codificador do Espiritismo. Junto ao esposo, em 1826, foi cofundadora e professora do Instituto Técnico Rivail, que dispunha de cursos de várias disciplinas. Participou ativamente das campanhas do Prof. Rivail em prol da reorganização e democratização do ensino para o seu país, até que em 1833, por efeito da Lei Guizot, o ensino primário na França fosse oficialmente estabelecido.

Em 1835, o Instituto sofreu um golpe financeiro, entrou em liquidação e teve de encerrar suas atividades. Rivail passou a trabalhar como contador de casas comerciais. No entanto, permanecia no casal o ideal educacional e os dois passaram a oferecer cursos gratuitos na própria residência, o que se deu entre os anos 1835 e 1840.

Além de trabalhar também como tradutor de livros e artigos, seu esposo dedicou-se a escrever obras pedagógicas — por exemplo, Catecismo gramatical da Língua Francesa (1848) e Programa dos Cursos ordinários de Química, Física, Astronomia, Fisiologia (1849) — que foram adotadas por diversos estabelecimentos de ensino, inclusive a Universidade de França. As publicações deram prestígio ao professor e, com isso, o casal alcançou uma boa tranquilidade financeira.


Arte gráfica do casal Kardec


Na Era Espírita

A partir de quando seu esposo ingressou no estudo e pesquisa acerca do fenômeno das Mesas Girantes, Amélie foi testemunha e também contribuinte dessa nova fase do pedagogo, que, com o lançamento de O Livro dos Espíritos, em 18 de abril de 1857, passou a adotar o pseudônimo “Allan Kardec”.

Amélie apoiou e participou ativamente dos desdobramentos daquela empreitada transformadora; a própria residência do casal, situada à Rua dos Mártires, n° 8, em Paris, por muito tempo abriu as portas para a multidão que se oferecia para participar das sessões experimentais de Espiritismo, até que fosse fundada a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas (SPEE), em 1858, cuja sede foi estabelecida no Palais-Royal, um importante centro comercial e cultural da Cidade Luz.

Essa sustentação doméstica da Madame Kardec foi determinante para que o codificador pudesse dedicar-se ao intenso ofício que abraçara e cuja responsabilidade que só aumentava, pois que mais adiante viria a lançar a Revista Espírita, editada mensalmente.


Madame Kardec


O reconhecimento das qualidades de Amélie fica evidente nas citações de seu esposo a respeito, tal como nessa carinhosa declaração, em meio a uma prestação de contas à Sociedade Espírita de Paris:

“[...] minha mulher — que nem é mais ambiciosa, nem mais interesseira do que eu — concordou plenamente com meus pontos de vista e me apoiou em minha tarefa laboriosa, como o faz ainda, por um trabalho muitas vezes acima de suas forças, sacrificando sem pesar os prazeres e distrações do mundo, aos quais sua posição de família a tinham habituado.”
Revista Espírita - junho, 1865: ‘Relatório da caixa do Espiritismo’


Viuvez ativa

Amélie estava nos seus 74 anos de idade quando ficou viúva, em 31 de Março de 1869. Por ocasião do velório, um velho confrade espírita, o Sr. Muller, discursou: "Falo em nome de sua viúva, da qual lhe foi companheira fiel e ditosa durante trinta e sete anos de felicidade sem nuvens nem desgostos, daquela que lhe compartiu as crenças e os trabalhos, as vicissitudes e as alegrias, e que se orgulhava da pureza dos costumes, da honestidade absoluta e do desinteresse sublime do esposo; hoje, sozinha, é ela quem nos dá a todos o exemplo de coragem, de tolerância, do perdão das injúrias e do dever escrupulosamente cumprido."

Madame Kardec recebeu numerosas e efusivas manifestações de simpatia e encorajamento, da França e do estrangeiro, o que lhe trouxe novas forças para o prosseguimento da obra do seu amado esposo. Ela fundou e assumiu a administração geral da Sociedade Anônima Espírita para a continuação das obras espíritas — em cumprimento ao planejamento de Allan Kardec para a sua sucessão na condução do Movimento Espírita.


Viúva Kardec



Decepções com o Movimento espírita pós-Kardec

Com a idade já avançada, foi delegando as funções práticas das atividades espíritas: a direção da Sociedade Anônima Espírita e da Livraria Espírita, além da redação da Revista Espírita. No desenrolar dos acontecimentos, em pouco tempo a condução geral desses encargos acabaria ficando concentrada nas mãos de Pierre-Gaëtan Leymarie, membro e médium da SPEE e, até então, considerado discípulo e homem de confiança da casa de Kardec. Este, porém, acabaria se transformando em pivô de amargas decepções da Senhora Kardec.

O primeiro golpe ocorreu com o episódio que ficou conhecido como “processo dos espíritas” — fartamente explorado pela mídia antikardecista como um escândalo fatal para a credibilidade da mediunidade e, por conseguinte, do Espiritismo. Isso porque, foi instaurado no dia 16 de junho de 1875, na capital francesa, um processo judicial motivado pela acusação de “falsidade e exploração da credulidade pública” através da comercialização e divulgação de fotografias ditas fraudulentas que supostamente continham impressões espirituais, como vultos e assinaturas de pessoas desencarnadas sobrepostas à imagem de parentes e amigos que posavam para os fotógrafos Alfred Henri Firman e Édouard Buguet. Essa dupla foi processada e condenada juntamente com Leymarie, então diretor da Revista Espírita, em razão deste periódico ter publicado tais retratos e de ter feito publicidade do trabalho dos fotógrafos. No decorrer do processo, os retratistas confessaram que forjaram um terço dos retratos, mas que o restante havia sido verdadeiramente editado pelos Espíritos; Leymarie, por sua vez, declarou que publicara as imagens com a crença de que eram todas autênticas fotografias espirituais e, portanto, que desconhecia a trama dos truques da dupla Friman e Buguet. A inocência de Leymarie foi atestada por Buguet, mas o tribunal acabou condenando a todos eles; Leymarie foi sentenciado a um ano de prisão (abril de 1875 a abril de 1876) e ao pagamento de quinhentos francos de multa.

Ao longo das audiências, foram ouvidas 55 testemunhas, sendo 27 de acusação e 28 de defesa, estando entre as últimas a viúva Kardec. Segundo a opinião de muitos pensadores — inclusive a do escritor Jean Vartier, um ferrenho crítico do Espiritismo à época do processo — aquela corte não estava a julgar apenas o referido episódio, mas toda a Doutrina Espírita, com uma explícita imparcialidade:

“Por que Leymarie, repetimos? O próprio Vartier informa, com todas as letras, em conclusão ao período acima, ao dizer: ‘Era o Espiritismo que a Justiça queria desacreditar, ao que parece, através dele (Leymarie).’ Não é preciso, pois, que os espíritas de hoje o digam, dado que os mais combativos e gratuitos adversários do Espiritismo o asseguram, sem reservas. Leymarie, sim, porque era ele, à época, o representante máximo do movimento espírita, como sucessor de Kardec, na direção da Sociedade e da Revista Espírita. Quem sabe se mandando Leymarie para a cadeia, como um criminoso vulgar, não assestariam um golpe mortal naquela imensa embromação que julgavam ser o Espiritismo?”
Processo dos Espíritas, Marina Leymarie - ‘Um caso de polícia’

Diante de tal intento, pouco se levou em conta o fato de Amélie Boudet já ser octogenária; ela foi obrigada a ouvir calada os muitos insultos feitos aos espíritas — sem exceção de seu marido, que nem presente estava para se defender.

Enfim, Leymarie cumpriu a pena que lhe foi imposta e, laureado “mártir do Espiritismo” pelos confrades, continuou na direção dos trabalhos doutrinários com a anuência de Madame Kardec, que seria golpeada novamente por causa dos assuntos espíritas: nos seus últimos anos, ela teve o desprezar de receber queixas de confrades próximos contra os ditos desvios administrativos e doutrinários daquele seu mandatário — agora acusado de estar inclinado a se aventurar em novas doutrinas e ideias estranhas ao Espiritismo (tais como o Roustainguismo e a Teosofia). Em contrapartida, Madame Kardec continuou encontrando amparo nos amigos diletos: a família de Gabriel Delanne e Berthe Fropo; esta, através da obra Beaucoup de Lumière (Muita Luz), encarregou-se pessoalmente de denunciar publicamente os ditos desmandos de Leymarie e de seus signatários na Sociedade Anônima Espírita.

Sentindo a necessidade de se fazer frente a esses descaminhos, a viúva Kardec — ainda que se abstivesse de atuar diretamente para tal propósito — deu o seu aval à Madame Fropo e a Delanne para que fundassem em 24 de dezembro de 1882 uma nova instituição: União Espírita Francesa (Union Spirite Française) e, por conseguinte, o seu jornal oficial, intitulado O Espiritismo (Le Spiritisme), lançado no ano seguinte.


Viúva Kardec


A lucidez e a saúde de quem “ainda lia sem o auxílio de óculos”, como disse Fropo, foi bruscamente interrompida em 21 de janeiro de 1883, quando então falecera, aos 87 anos de idade. Seu passamento foi assim narrado por sua amiga, que também era sua vizinha:

“Na sexta-feira, dia 19 de janeiro de 1883, ela teve um mal súbito ao deixar a sua cama; ela caiu e bateu com a cabeça na quina do mármore de sua cômoda, o que fez perder a consciência. Auxiliada por uma criada, eu a coloquei para deitar, mas pelo sorriso (trejeito) de sua boca, eu notei que ela teve uma congestão cerebral [...] Eu fui buscar o médico, que me declarou que ela já estava morta...”
Beaucoup de Lumière, Berthe Fropo

De acordo com os seus próprios desejos, o enterro de Madame Allan Kardec foi simples e realizado espiriticamente, saindo o féretro de sua residência, na Avenida e Vila Ségur n° 39, para o Père-Lachaise, onde jaziam os restos mortais do esposo.


Túmulo do casal Kardec no cemitério do Père-LachaiseTúmulo do casal Kardec no cemitério do Père-Lachaise


Na coluna que suporta o busto do Codificador foram depois gravados, à esquerda, esses dizeres em letras maiúsculas: AMÈLIE GABRIELLE BOUDET - VIÚVA ALLAN KARDEC - 21 NOVEMBRO 1795 - 21 JANEIRO 1883.

Não deixando herdeiros diretos, pois que não teve filhos, seu patrimônio teve a destinação rezada no testamento de Kardec, favorecendo a Sociedade Anônima Espírita — que logo mais viria a ser causa de disputas diversas.

Atualmente, um centro de estudos espíritas em Paris homenageia-a com o seu nome: Institut Amélie Boudet.


Veja também


Referências

  • Obras Póstumas, Allan Kardec - Ebook.
  • Revista Espírita, Allan Kardec: coleção anual de 1869 - Ebooks.
  • O Livro dos Espíritos em sua Tradição Histórica e Lendária, Canuto Abreu - Ebook.
  • Procès des spirites [Processo dos Espíritas], Madame P. G. Leymarie - Google Books.
  • Kardec, Marcel Souto Maior. Editora Record (2013).
  • Em Nome de Kardec, Adriano Calsone. Editora Vivaluz (2015).
  • Videopalestra ‘Amélie Boudet: uma história de vida’, com Luciana Farias - YouTube.
  • Institut Amélie Boudet, em Paris, França - YouTube.


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Índice de verbetes
A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo
Abreu, Canuto
Adolphe Laurent de Faget
Agênere
Alexandre Aksakof
Allan Kardec
Alma
Alma gêmea
Amélie Gabrielle Boudet
Amuleto
Anália Franco
Anastasio García López
Andrew Jackson Davis
Anna Blackwell
Arigó, Zé
Arthur Conan Doyle
Auto de Fé de Barcelona
Auto-obsessão.
Banner of Light
Baudin, Irmãs
Bem
Berthe Fropo
Blackwell, Anna
Boudet, Amélie Gabrielle
Cairbar Schutel
Canuto Abreu
Caridade
Carma
Caroline Baudin
Célina Japhet
Cepa Espírita
Charlatanismo
Charlatão
Chevreuil, Léon
Chico Xavier
Cirne, Leopoldo
Codificador Espírita
Comunicabilidade Espiritual
Conan Doyle, Arthur
Consolador
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Cordão Fluídico
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Denis, Léon
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Emancipação da Alma
Encarnado
Epífise
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Espiritismo à Francesa: a derrocada do movimento espírita francês pós-Kardec
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Espírito Verdade
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Franco, Divaldo
Fropo, Berthe
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Home, Daniel Dunglas
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Pierre-Gaëtan Leymarie
Pierre-Paul Didier
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Pneumatografia
Possessão
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Religião
Revelação Espírita
Rivail, Hypolite-Léon Denizard
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Santíssima Trindade
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Sematologia
Sentido Espiritual
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