Cairbar Schutel (Rio de Janeiro, 22 de setembro de 1868 - Matão, SP. 30 de janeiro de 1938) foi um farmacêutico, político e renomado jornalista, lembrado pelo Movimento Espírita como um dos grandes divulgadores do Espiritismo do começo do século XX. Escreveu reconhecidos livros espíritas e foi fundador de dois importantes veículos de comunicação doutrinária: o jornal O Clarim e a Revista Internacional de Espiritismo, pelo que é conhecido como “O bandeirante do Espiritismo”.
Cairbar Schutel (1868 - 1938)
Filho de Antero de Souza Schutel e de D. Rita Tavares Schutel, Cairbar muito precocemente aprenderia a lidar com o fenômeno da morte de pessoas próximas. Aos dez anos de idade, ele perde o pai e, passados cinco meses, assiste ao desencarne da mãe; quatro anos depois seria a vez de se despedir do irmão caçula. Juntamente com os demais irmãos, Cairbar foi criado pelo seu avô paterno, Dr. Henrique Schutel.
Ingressou nos estudos do Colégio D. Pedro II, ainda na capital carioca, e muito cedo começou a trabalhar em diversas farmácias, onde desenvolveu seu aprendizado de manipulação de medicamentos. No interesse dessa profissão, aos 17 anos, transfere-se para o Estado de São Paulo, exercendo sua profissão em Piracicaba, Araraquara e depois em Matão, que à época era apenas um povoado (Senhor Bom Jesus das Palmeiras de Matão), onde, além de farmacêutico, atuaria como político, tendo sido um dos ativistas na promoção do povoado a município, em 28 de agosto de 1898. Cairbar foi um dos vereadores do primeiro colegiado daquela Câmara Municipal e, por esta, eleito o primeiro intendente da cidade (cargo equivalente ao de atual prefeito).
Católico por tradição, Cairbar ficaria impressionado com uma série de sonhos com seus falecidos pais, o que o instigou a se interessar mais sobre as questões espirituais. Insatisfeito com as explicações teológicas da igreja, em 1904, junta-se aos amigos Calixto Prado e Quintiliano José Alves para experimentar sessões de tiptologia e mesas girantes — muito em voga nos grandes centros urbanos, conforme os noticiários daquele início de século.
Cairbar Schutel em uma sessão de Mesas Girantes
Foi então que, convencendo-se da vida além-túmulo e da comunicabilidade dos Espíritos, passou a estudar a Doutrina Espírita, da qual iria se tornar um dos maiores propagandistas em seu tempo. O primeiro material espírita com que teve contato foi um exemplar da revista Reformador, a ele emprestada por um amigo caixeiro-viajante de Itápolis. Após devorar aquele “tesouro”, Cairbar faria já no dia seguinte o pedido das cinco obras básicas de Allan Kardec.
Um mês foi o suficiente para Cairbar concluir a leitura dos cincos principais livros do Codificador e, tornando-se espírita convicto, como quem recobrasse um conhecimento espiritual natural, despertou-lhe naturalmente um ardor vocacional de propagar a doutrina dos Espíritos. E, como devoção, ele levou a efeito esse ímpeto missionário.
Seu trabalho não tardou a aparecer. Em 15 de julho de 1905, fundou o Centro Espírita Amantes da Pobreza (atual Centro Espírita O Clarim) — o primeiro daquela região. A seguir, a 15 de agosto desse ano, lançou o jornal O Clarim, em formato pequeno, que logo se ampliou, atingindo sua tiragem a 10 mil exemplares nos últimos anos. Além disso, fazia propaganda da doutrina por meio de boletins e panfletos, proferindo palestras doutrinárias nas cidades circunvizinhas e participando de programas radiofônicos na antiga PRD-4 de Araraquara. Neste mesmo 1905, em 31 de agosto, desposaria Maria Elvira da Silva Schutel, mas o casamento não limitaria seu intento de levar o kardecismo aos rincões paulistas.
O ativismo de Cairbar deu origem a uma contenda com o vigário local, Pe. João Batista Van Esse, que incitava seus fiéis contra o espírita, que chegou a requerer a intervenção de um advogado para garantir a integridade de sua obra doutrinária e filantrópica — que só aumentaria e o faria ser lembrado como “O Bandeirante do Espiritismo” e “O Pai dos pobres de Matão”. Em 1912, por exemplo, ele abriu um pequeno hospital de caridade para atender os desvalidos da região.
Além dos enfermos, Cairbar estendeu sua preocupação com os presidiários. A partir de 1914, começou a visitar e palestrar regularmente nas detenções de Matão e de Araraquara.
Também era muito sensível ao sofrimento das pessoas diante da perda de entes queridos. Nos feriados do Dia de Finados, ei-lo no cemitério fazendo campanha de consolo e conscientização espiritual aos enlutados. Nessa temática, em 1932, ele iria publicar o livro A Vida no Outro Mundo.
Valendo-se do apoio moral e material do amigo Luiz Carlos de Oliveira Borges, ele inaugura em 15 de fevereiro de 1925 a Revista Internacional de Espiritismo — periódico mensal dedicado aos estudos dos fenômenos anímicos e mediúnicos, cuja respeitabilidade alcançaria todo o Brasil e diversas sociedades espíritas mundiais.
Cairbar Schutel desencarnou na tarde de 30 de janeiro de 1938, vítima de um aneurisma cerebral. Na mesma noite, o médium Urbano de Assis Xavier psicografou uma mensagem atribuída a Cairbar, pela qual exclamaria “Vivi, vivo e viverei porque sou imortal.”.
Publicações literárias de Cairbar Schutel editadas pela Casa Editora O Clarim, por ele fundada:
A assinatura do Espírito de Cairbar Schutel se faz presente entre as entidades espirituais que colaboram com os trabalhos de estudos mediúnicos da PEADE - Plataforma de Estudos Avançados da Doutrina Espírita, mantida pela Fraternidade Luz Espírita e o Grupo Marcos
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