Francisco Cândido Xavier, ou simplesmente Chico Xavier (Pedro Leopoldo, 2 de abril de 1910 - Uberaba, 30 de junho de 2002), foi um médium espírita, filantropo e uma das mais importantes personalidades do Espiritismo. De notáveis capacidades mediúnicas, é considerado por muitos pensadores aquele que mais contribuiu com o desenvolvimento da Doutrina Espírita, especialmente pela sua obra psicográfica, pela qual intermediou expressivos apontamentos doutrinários de várias entidades espirituais de destaque, como seu guia espiritual Emmanuel, André Luiz e Humberto de Campos; intermediou também obras poéticas, às quais renomados autores, tais como Castro Alves, Augusto dos Anjos, Auta de Souza, Casimiro Cunha, Guerra Junqueiro, Olavo Bilac etc. Chico Xavier teve mais de 400 livros publicados como autor psicógrafo, cuja vendagem total até o ano de 2010 foi estimada em mais de 50 milhões de exemplares, sendo os direitos autorais sempre cedidos a instituições espíritas (principalmente a Federação Espírita Brasileira) e a ações de caridade, jamais o médium se beneficiando financeiramente deste trabalho, que ele tomou como sagrada vocação. Como esse mesmo espírito de abnegação, dedicou-se com devotada atenção a psicografar cartas familiares, muito sensível notadamente ao sofrimento das mães órfãs de filhos. Viveu seus 92 anos na humildade: pobreza extrema na sua infância em Pedro Leopoldo e situação não mais que modesta desde que estabilizado no emprego de datilógrafo numa autarquia do Ministério da Agricultura, para a qual trabalhou até a aposentadoria, da qual sobreviveria em Uberaba; os tantos presentes e contribuições materiais que recebeu ao longo da vida foram todos repassados aos necessitados, o que o destacou como uma das mais admiradas personalidades do seu tempo. Foi fiel a Allan Kardec nos princípios fundamentais do Espiritismo, a doutrina que ele abraçou e dela se tornou o maior expoente depois do codificador espírita, com reconhecimento nacional e internacional. Seu legado ao Espiritismo e à humanidade é inestimável e só aumenta, à medida que sua biografia é conhecida, multiplicando os seus frutos. Recebeu diversos títulos honorários e foi eleito por uma enquete nacional “O Maior Brasileiro de todos os tempos”.
Chico Xavier (1910-2002)
Nascido na então pequenina cidade de Pedro Leopoldo, Estado de Minas Gerais, filho do modesto casal João Cândido Xavier e Maria João de Deus, o menino foi batizado Francisco de Paula Cândido — em homenagem ao santo do dia de seu nascimento (2 de abril de 1910). A família, que contavam com mais oito filhos, vivia basicamente do trabalho do seu pai, na venda de bilhete de loteria, e da sua mãe, lavando roupa.
Os seus dotes mediúnicos começam a desabrochar no mesmo passo que seus percepções comuns, de modo que o garotinho às vezes não conseguia distinguir “vivos” e “mortos”. As manifestações se intensificaram logo após a morte de sua progenitora, quando ele tinha apenas cinco anos de idade: os Espíritos amigos — inclusive o de sua própria mãe — eram o consolo do pobre menino, especialmente depois que ele vai ser entregue aos cuidados de sua madrinha, distante dos irmãos, espalhados por outros lares, já que seu pai se encontrava incapaz de cuidar deles. Não foi nada confortável a estadia de Chico na casa dessa madrinha (Rita de Cássia), antiga amiga de sua mãe; ela o maltratava a qualquer pretexto, inclusive torturando-o fisicamente, ainda com mais furor quando o menino contava suas experiências mediúnicas — que a madrinha reputava “coisa do diabo”. Nos momentos mais agudos, porém, a mesma Dona Maria João de Deus lhe aparecia recomendando paciência e prometendo providência divina para breve.
A providência veio dois meses depois: seu pai contrai novo casamento e então reúne os filhos no seu novo lar, onde Chico vai contar com carinho e especial compreensão de sua madrasta, Cidália Batista.
As condições financeiras da família eram modestas, mas todos viviam em relativa paz: o casal, os oito filhos de Maria João de Deus e mais os seis filhos que Cidália Batista deu a seu João Cândido Xavier.
Já jovem, Chico vai passar por algumas ocupações (de ajudante em bodega a tecelão) para ajudar com o sustento do lar, razão pela qual não pôde ir além do ensino elementar da alfabetização e das operações básicas de aritmética. Nesse ínterim, a qualquer momento em que se encontrasse reservado, os Espíritos lhe apareciam e falavam de uma tarefa que lhe estava reservada; pediam que anotasse seus ditados, que na verdade não passavam de preparação para a grande obra futura. Mesmo sem nada saber de Espiritismo nem bem compreender o que se passava consigo, Chico confiava nos seus interlocutores invisíveis, principalmente pelos apelos que deles recebia para honrar a Deus, o Evangelho de Jesus e o bem comum. Seu pai por vezes se mostrava desgostoso com as “estranhezas” de seu filho, porém pouco a pouco ia se tornando mais tolerante — embora, de vez em quando, não hesitasse em tentar persuadi-lo de “abandonar os Espíritos”. De qualquer maneira, é no despontar da juventude de Chico começa a colecionar os primeiros ditados espirituais.
O jovem Chico Xavier
Ocorreu, entretanto, de uma de suas irmãs ser acometida por uma espécie de insanidade, perturbando toda a família; como nem os médicos nem as rezas do pároco impediram a piora da menina, João Cândido vai apelar para a ajuda de um casal de espíritas que moravam numa fazendo ali perto. Era manhã de 7 de maio de 1927 quando o casal Carmem e José Hermínio Perácio foram visitar a pobre Maria Xavier: pelos relatos, estavam convictos se tratar de um processo de obsessão; sob o testemunho de toda a família, eles lhe aplicaram passes magnéticos e evocaram o Espírito obsessor para dissuadi-lo daquele ataque. Com a melhora da menina, o casal aproveitou a ocasião para esclarecer as dúvidas do rapaz daquela casa que “via fantasmas”; nesse dia, Chico tomou conhecimento das palavras mediunidade e médium, além de ouvir falar pela primeira vez sobre a Doutrina Espírita de Allan Kardec. A convicção quanto àqueles postulados, contudo, não lhe custou nenhum esforço: estava absolutamente certo da missão prenunciada. A família também seria agraciada com uma comunicação da antiga senhora do lar, através da psicografia da Dona Carmem Perácio, contendo uma especial mensagem a Chico:
A menina acompanhou o casal espírita para sua fazenda, a fim de prosseguir o tratamento. Chico, por sua vez, foi se apresentar ao vigário da cidade para lhe contar da recente deliberação de ser espírita e pedir a bênção; conquanto o advertisse que a igreja condenava o Espiritismo, o Pe. Scarzello o abençoou, rogando à mãe de Jesus que protegesse o rapaz.
No mês seguinte, de posse de O Livro dos Espíritos e O Evangelho segundo o Espiritismo, Chico vai fundar o primeiro grupo espírita de Pedro Leopoldo, acomodado num barracão onde morava seu irmão José Xavier. Assim, em 21 de junho de 1927 deu-se a primeira reunião pública do Centro Espírita Luiz Gonzaga com leitura e estudo da obra kardecista.
Trinta dias depois Maria Xavier retorna ao lar completamente sã. A família se prepara para um culto especial em agradecimento pela cura da moça, que se realiza na noite de 8 de julho daquele ano, com a presença de Carmem Perácio. Esta recomenda que Chico tome papel e lápis:
Dois dias depois, Chico viaja para a fazenda do casal Perácio para lá passar uns dias e aprender mais sobre Espiritismo. Em dado momento, Carmem sente a presença de um Espírito que se apresentou como o “amigo espiritual” daquele rapaz e se autodesignou Emmanuel, coberto de vestes sacerdotais e aura brilhante; ele pede para que Carmem prepare o jovem aprendiz de médium para psicografar. Em seguida, Chico, que nada viu nem ouviu desse diálogo, seria tomado por uma força que o levou a escrever compulsivamente; no texto, referências ao tratamento da irmã, detalhes sobre a vida dos irmãos e um recado pessoal: “Eis que nos achamos juntos novamente. Os livros à nossa frente [O Evangelho segundo o Espiritismo e O Livro dos Espíritos] são dois tesouros de luz. Estude-os, Cumpra seus deveres e, em breve, a bondade divina nos permitirá mostrar a você seus novos caminhos”.
De volta a Pedro Leopoldo, Chico estava mais entusiasmado do que nunca e as reuniões do seu grupo espiritista começaram a receber maior frequência. A cura de sua irmã pelo Espiritismo era notícia na região e não fazia mais do que quatro meses para aparecer no Centro Espírita Luiz Gonzaga uma mãe desesperada com quatro filhas em estado de loucura: as meninas tinham surtos psicóticos a ponto de se morderem; agora era a vez de Chico mostrar o que aprendera com o drama da irmã. Ao iniciar a sessão, ele psicografa uma encorajadora mensagem assinada por Maria João de Deus, sua mãe, rogando: “Meus amigos, temos desejado o trabalho e o trabalho nos foi enviado por Jesus. Nossas irmãs doentes devem ser amparadas aqui no centro. A fraternidade é a luz do Espiritismo. Procuremos servir com Jesus”. O Espírito obsessor que assediava as quatro irmãs foi persuadido a deixá-las em paz, de modo que a família voltou para seu lar, em Pirapora, satisfeita com a intervenção dos espíritas de Pedro Leopoldo. A partir daí, Chico Xavier começou a virar celebridade — e, mais tarde, uma lenda viva.
Nos três anos seguintes, de 1928 a 1930, além do aprendizado doutrinário, Chico viveu uma experiência extraordinária: uma enxurrada de Espíritos, com linguagem muito sofisticada vieram-lhe ditar inúmeros poemas, alguns dos quais recheados de vocábulos tão estranhos que o médium precisa recorrer ao dicionário para se certificar da ortografia e apreender o significado. Na poesia intitulada Vozes de uma sombra, por exemplo, o autor espiritual (mais tarde saberíamos se tratar de Augusto dos Anjos) ditava versos e versos com palavras do tipo “absconsos”, “prolixidade”, “aponevroses”, “lupanar”, “lombricoides” etc. Chico tinha até vergonha de mostrá-los aos seus humildes confrades. Particularmente, ele se sentia mais tocado com as composições mais simples, tal qual o soneto que lhe era inesquecível: Nossa Senhora da Amargura, de versos tais como:
Mais tarde lhe seria revelado que estes versos haviam sido ditados pela respeitada poetisa potiguar Auta de Souza (187 - 1901), porém, até então os Espíritos não lhe revelavam a identidade. Esse anonimato, aliás, foi a razão pela qual Chico relutava em aceitar o conselho dos confrades mais próximos para que publicasse essas composições; o médium não aceitava assumir a autoria de uma obra que não lhe pertencia: como designar cada um daqueles Espíritos desconhecidos?
Finalmente ele concordou com o irmão José Cândido em enviar alguns poemas para Inácio Bittencourt, do Rio de Janeiro, diretor do jornal espírita Aurora, pedindo-lhe sugestão quanto à assinatura; o jornalista apreciou as obras e sugeriu a designação “F. Xavier”; os autores espirituais deram o aval e elas começaram a ser publicadas naquele jornal e reproduzidas no Almanaque de Notícias de Portugal. Elogios chegaram de todas as partes — o que torturava a consciência do “falso autor”.
A fama de poeta ganhou perna. Certo dia um literato veio a Pedro Leopoldo na intenção de explorar aquele talento desconhecido, mas ficou horrorizado com a matutice do espírita e foi embora depois de zombá-lo de “besta”. Profundamente magoado, Chico vai choramingar para o Espírito de sua mãe, que não lhe dá trela: “Não vejo insulto algum. Acho até que você foi muito honrado. Uma besta é um animal de trabalho. E é valioso e útil, a serviço do Espiritismo, quando não dá coices.” Era preciso curar-se do melindre!
Uma coisa parecia muito certa: o jovem médium estava destinado à produção literária, então dando sentido a uma visão que a dona Carmem Perácio tivera numa sessão, em 18 de janeiro de 1929, em que uma chuva de livros caia do teto do centro espírita sobre a cabeça de Chico.
Em 1931 Chico sofre outro grande golpe na vida: morre dona Cidália, sua segunda mãe. Isso sem contar o agravamento de um mal que acometia seu olho esquerdo: catarata obscura e intratável à época. Ataque das trevas para arruinar sua vocação mediúnica — pensou.
Ele intensifica suas escapadas ao açude encostado à cidade, onde se refugiava para ficar mais à vontade com os amigos invisíveis, dentre os quais sua mãezinha. Certa vez, à sombra de uma árvore na beira da represa, ao começar a habitual oração ele viu uma fulgurante cruz e dela despontar a figura de uma entidade imponente sob vestes de sacerdotes, que lhe interpelou diretamente:
— Está mesmo disposto a trabalhar na mediunidade?
— Sim, se os bons Espíritos não me abandonarem.
— Você não será desamparado, mas para isso é preciso que trabalhe, estude e se esforce no bem.
— O senhor acha que estou em condições de aceitar o compromisso?
— Perfeitamente, desde que respeite os três pontos básicos para o serviço.
— Qual o primeiro ponto?
— Disciplina.
— E o segundo?
— Disciplina.
— E o terceiro?
— Disciplina.
O médium e o guia espiritual, cena de Chico Xavier - o filme
Era Emmanuel, seu guia espiritual, velho companheiro de outras aventuras reencarnatórias; agora, era a vez de empenhar a bandeira do Espiritismo: “Se alguma vez eu lhe der algum conselho que não esteja de acordo com Jesus e Kardec, fique do lado deles e procure me esquecer” — recomendou o guia ao seu tutelado.
O trabalho começaria pela produção de trinta livros, cujo objetivo maior era a divulgação da Doutrina Espírita, sob a inspiração daquele amigo invisível que, no entanto, para alguns bem poderia parecer um obsessor: rigoroso e obstinado naquele projeto, ele conduziu Chico Xavier a uma trajetória extraordinária, muito além das expectativas daquele jovenzinho matuto da minúscula Pedro Leopoldo, que, ainda assim, não mudaria sua rotina: continuaria trabalhando normalmente como ajudante no armazém de seu José Felizardo Sobrinho, diariamente das sete da manhã às oito da noite.
O primeiro grande passo da parceria não tardaria muito para se materializar em forma de livro: Parnaso de Além-Túmulo, uma coletânea de poesias assinadas por Espíritos de outrora eminentes escritores brasileiros e portugueses, tais como Castro Alves, Casimiro de Abreu, Auta de Souza e Augusto dos Anjos. A autoria? “Espíritos diversos”, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier — sua nova assinatura (a troca do nome seria oficializada só em abril de 1966). Assim que os manuscritos chegaram à Federação Espírita Brasileira sua publicação foi providenciada e o lançamento foi feito em 1932, ano em que Chico chegava à maioridade.
O livro foi um sucesso de venda, muito em função da repercussão — um verdadeiro escândalo para a comunidade literária, afinal um matuto mineiro semianalfabeto se metia a escrever em nome de grandes gênios da pena poética. Mas não faltou quem o defendesse: o escritor Zeferino Brasil, integrante da Academia Rio-Grandense de Letras, traduziu a perplexidade geral numa crônica publicada no jornal Correio do Povo de Porto Alegre: “Ou os poemas em apreço são de fato dos autores citados e foram realmente transmitidos do além ao médium ou o Sr. Francisco Xavier é um poeta extraordinário, capaz de imitar os maiores gênios da poesia universal.”
Apesar do ceticismo e revolta de muitos críticos, não houve quem, com sã consciência, não se rendesse à honestidade e à abnegação do médium, que doou todos os direitos autorais à FEB e insistia que aquela era uma condição que aceitava de muito bom grado no cumprimento de sua vocação mediúnica espírita. Chico chegou a receber proposta de bom emprego, curso na melhor escola particular de Belo Horizonte e compensação financeira para sua família sob a condição de admitir a autoria da obra — proposta que ele, claro, prontamente recusou. Que embusteiro recusaria tal oferta?
A fama não trouxe renda para a família e Chico se viu muito cobrado pelo pai e familiares. Além disso era açoitado verbalmente pelos católicos de sua terra natal e região, inclusive pelos padres; a perseguição se estendia a todos os que frequentavam o centro espírita fundado pelo médium famoso e as sessões ali se esvaziaram. Fora isso, vez ou outra recebia a visita de estranhos supostamente interessados na Doutrina Espírita, mas cujo intento era o de “desmascarar” o médium e desqualificar sua obra — principalmente os jornalistas, disfarçados, sempre ávidos por um bom furo para o noticiário.
Uma nova fase na vida de Chico Xavier se abriu quando o Espírito do famoso Dr. Bezerra de Menezes — conhecido como “O médico dos pobres” — começou a frequentar assiduamente as sessões no Centro Espírita São Luiz Gonzaga e, valendo-se da psicografia do médium, passou a atender os doentes aflitos que ali passavam; estes, aliás, nem precisavam contar seus males para receber a receita homeopática. Reuniões vazias nunca mais.
A fama de curandeiro correu o país e logo mais a cidadezinha seria tomada por caravanas de aflitos de toda parte; do Rio de Janeiro e de São Paulo, as lotações semanais se estabeleceram em linhas interestaduais regulares. Além de enfermos e curiosos também vinham gente realmente interessada no Espiritismo e dispostos a ajudar Chico; presentes simples e outros valiosos começaram a chegar, mas sendo todos revertidos para ajudar os necessitados.
A bondade do médium não impediu que as condições financeiras da família melhorassem, especialmente depois da morte de seu pai: mais responsabilidades para o rapaz. Em 1935, ele perdeu o emprego no Armazém por conta da falência do dono, que ficara doente: mais um de quem Chico passaria a cuidar. Como um lampejo de alento, o moço consegue um bico na inspetoria Regional do Serviço de Fomento da Produção Animal, na Fazenda Modelo; no mesmo ano efetivado funcionário daquela autarquia, passaria a datilografar relatórios sobre bois, cavalos e outras crias dali; pelo menos não precisava mais pesar fumo e servir cachaça, como nos tempos do armazém. Ali efetivado funcionário, trabalhou por três décadas, até completar sua aposentadoria.
Ainda naquele ano de 1935, chegava às livrarias o segundo livro de sua lavra, Cartas de uma Morta, com textos ditados pelo Espírito de sua progenitora, Maria João de Deus, além da segunda edição de Parnaso de Além-Túmulo, em novo volume, três vezes maior que a versão original, contando agora com acréscimos importantes, tais como os versos de Olavo Bilac e o artigo ‘De pé os mortos’ do recém-desencarnado Humberto de Campos. Em Pedro Leopoldo, a procura por Chico Xavier aumentava cada vez mais.
Segundo seu mentor espiritual, Emmanuel, a grande missão de Chico Xavier era divulgar a Doutrina Espírita através dos livros psicografados — uma centena, para começar. A tarefa não era nada fácil: era preciso observar a jornada de trabalho regular na Fazendo Modelo, a programação do centro espírita, o atendimento aos necessitados e ainda tratar dos perrengues familiares; por vezes se fazia necessário sacrificar algumas horas do sono e se trancar no quarto para psicografar os ditados do além. Depois ainda tinha que revisar e datilografar os textos, para então apagar os originais, escritos a lápis, a fim de aproveitar os cadernos. Um sacrifício incrível que, no entanto, Chico amava cumprir.
Foi assim que ele alcançou a meta traçada, trazendo ao mundo uma bibliografia de valor inestimável, contando aí best-sellers como Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho (Humberto de Campos) de 1938, A Caminho da Luz e Há Dois Mil Anos (Emmanuel) de 1939, e o seu maior sucesso: Nosso Lar (André Luiz) de 1944. De poemas, romances históricos, crônicas, lições evangélicas e dissertações doutrinárias, a obra literária psicografada pelo matuto mineiro tornou-se um celeiro de luz e de propagação do Espiritismo. impossível negar a variedade e riqueza linguística de títulos como Paulo e Estêvão (Emmanuel) de 1941, Evolução em Dois Mundos (André Luiz) de 1959 e Cartas e Crônicas (Irmão X) de 1966.
Além de fazer questão de atribuir aos Espíritos todo o mérito dos seus livros, Chico eximia-se de usufruir de qualquer benefício dos lucros da vendagem — destinados a entidades espíritas ou outras filantrópicas; estava feliz de servir como ferramenta da espiritualidade. Todavia, não escapou de outros tantos problemas: ainda na década de 1930 seu nome foi parar nos tribunais devido uma ação reclamada pela viúva de Humberto de Campos, pleiteando os direitos autorais da obra Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, ditada pelo famoso imortal da Academia Brasileira de Letras. A senhora Campos perdeu a causa, mas, a título de precaução, as obras seguintes daquele autor foram assinadas pelo pseudônimo Irmão X, como em Lázaro Redivivo 1945. A mesma lição serviu para outras situações, como a de Voltei (1949) do “irmão Jacob”, apelido para Frederico Figner (1866-1947).
A tarefa não era fácil. Concomitantemente com outros tantos problemas, o pobre cristão espírita ainda tinha que se proteger do assédio daqueles que tentavam lhe “colocar no lugar que merece”, tal como no famoso caso da revista O Cruzeiro, para a qual o jornalista David Nasser e seu parceiro fotógrafo Jean Manzon trabalharam numa reportagem bombástica expondo o rapaz sem malícia a situações ridículas. Três décadas depois, Nasser mostrar-se-ia arrependido daquele episódio, que ele descreveu como “o maior remorso da minha vida”.
Quando não vinha de fora, o inimigo era de casa: em julho de 1958, seu sobrinho Amauri Pena Xavier, então com 25 anos e residente em Sabará, foi à sede do jornal Diário de Minas em Belo Horizonte para “contar a verdade sobre o tio”, alegando que a falsidade da mediunidade: “Tio Chico é inteligente, lê muito e, com ou sem auxílio do outro mundo, vai continuar escrevendo seus versos e seus livros” — disse o delator. Em sua defesa, o médium de Pedro Leopoldo declarou: “Meu sobrinho é muito moço e, pelo que observo, é portador de um idealismo ardente, em sua sinceridade para consigo mesmo. De minha parte, peço a Jesus, com muita sinceridade, para que ele seja muito feliz no caminho que escolher.”
Apesar de todo devotado com a causa espírita, tudo isso por vezes cansava Chico, que enfim sentiu-se um tanto aliviado em 1969 depois da publicação de Poetas Redivivos, o centésimo livro. Missão cumprida! Só faltava receber as congratulações de Emmanuel, que por sua vez notificou o médium as novas deliberações:
De cem livros combinados, a coleção se estendeu para quatrocentos, fazendo de Chico Xavier o autor espírita mais lido e estudado de todos os tempos depois de Allan Kardec.
Em 1955, Chico Xavier conheceu e se tornou amigo íntimo do então estudante de medicina Waldo Vieira, que também era médium. Daí resultou uma parceria que duraria por uma década e da qual brotaram 17 livros através de uma dinâmica curiosa: nalguns casos cada qual psicografava capítulos alternados; em outros casos, cada médium recebia do mesmo autor espiritual um trecho de uma mesma sequência do texto. A primeira obra em parceria foi Evolução em Dois Mundos, ditada por André Luiz e publicada em 1959.
Naquele mesmo ano Chico mudou-se para Uberaba: seus familiares estavam cansados da agitação — e nenhum benefício — que o parente trazia para suas casas; tocado por isso, ele foi morar com o colega psicógrafo. Para não culpar a pressão da família, a perseguição do pároco e a zombaria dos beatos católicos Pedroleopoldenses, ele preferiu justificar a mudança alegando recomendações médicas à vista de um problema de labirintite, pelo que o clima uberabense faria bem, em vez da fria Pedro Leopoldo. Na nova cidade, que o acolheu de braços abertos, ele passaria o resto de sua vida, sobrevivendo da sua aposentadoria e multiplicando os trabalhos espíritas.
Ao lado da nova morada, a dupla de médiuns inaugurou a Comunhão Espírita Cristã, onde prestariam intenso serviço: culto do evangelho, reunião de desobsessão, sessão de psicografia, distribuição de sopa, socorro aos enfermos etc. O serviço só aumentaria, mas cada vez mais Chico se fortalecia na fé e na experiência do trabalho doutrinário.
Zé Arigó, Chico Xavier e Waldo Vieira
Em maio de 1965, Chico e Waldo viajaram para os Estados Unidos e lá ficaram um ano divulgando o Espiritismo, muito bem recepcionados por Salim Salomão Haddad, presidente do Christian Spirit Center. Os americanos já estavam bem familiarizados com a ideia da reencarnação, mas faltava conhecer melhor a codificação espírita. Era tarefa dos médiuns brasileiros semear as palavras kardecistas. Antes de retornarem ao Brasil, visitaram o túmulo do codificador do Espiritismo e fizeram escala em Lisboa, onde também deixaram sementes doutrinárias.
Voltariam aos Estados Unidos um ano depois para conferir a plantação que haviam feito, aproveitando para lá publicar o livro Ideal Espírita, então vertido para o inglês sob o epíteto The World of The Spirits. Para esta segunda excursão internacional, Chico renovou o passaporte com uma nova assinatura. O juiz Fábio Teixeira Rodrigues Chaves atendeu à solicitação de Francisco de Paula Cândido e o autorizou a trocar de nome; agora, o pseudônimo artístico seria seu nome oficial: Francisco Cândido Xavier.
No entanto, a segunda volta, em 1966, foi amarga para Chico: o companheiro médium e também formado em medicina decidira ir para Tóquio fazer pós-graduação em plástica e cosmética. Waldo estava cansado da mediunidade, do Espiritismo e de Chico Xavier. Quando voltou do Japão, abriu um consultório no Rio de Janeiro. Anos depois, o dissidente iria fundar a sua própria doutrina, que definia puramente como ciência — a Projeciologia. Nunca mais eles se viram pessoalmente. Chico ficou triste, sentiu-se um pouco solitário por alguns dias, mas tocou a missão dignamente e o reconhecimento viria logo. Além da FEB, era incondicionalmente apoiado pelos mais importantes intelectuais espíritas, por exemplo, o respeitado filósofo José Herculano Pires. Em 1967, Chico receberia o título de cidadão uberabense — apenas um dos muitos títulos e prêmios importantes que iria receber.
Chico fugia da insistente imprensa especulativa; não tinha tempo a perder com quem não quer ver as coisas. Não obstante, recebeu de Emmanuel o aval para aceitar um convite para participar do famoso programa Pinga-Fogo da TV Tupi. As tratativas começaram em 1968 com a visita do repórter Saulo Gomes à Comunhão Espírita Cristã; a entrevista seria levada ao ar só três anos depois.
Finalmente, na noite de 28 de julho de 1971, diretamente dos estúdios da TV Tupi em São Paulo, Chico aparecia ao vivo nas televisões paulistas. Inicialmente programada para uma hora e meia, a entrevista se estendeu por mais de três horas e foi recorde de audiência nacional. O médium cativou a todos pela doçura e respeito com que tratava assuntos delicados como religião, política, aborto, pena de morte, sexo etc. Ao final, o apresentador Almir Guimarães pede-lhe para receber uma mensagem espiritual; ele então psicografou um texto assinado por um “ilustre desconhecido”: Ciro Costa, advogado, cronista e poeta paulista desencarnado em 1937. Uma surpresa geral, pois se esperava alguma celebridade. Críticos mais sérios veriam aí a diversidade da obra de Chico. Senão mediunicamente, de onde, afinal, ele iria buscar os versos daquele poema ‘Segundo Milênio’:
Antes de se retirar, Chico pediu licença para homenagear as mães e agradecer a todos com a oração que Maria João de Deus rezava a seu lado, “em Espírito”, quando ele tinha cinco anos. As lágrimas rolaram em seu rosto enquanto ele declamava o Pai Nosso. O público aplaudiu de pé.
O programa foi um sucesso, sendo repassado para os demais estados do país e reprisado inúmeras vezes e até transcrito para diversas publicações. Com isso, o Espiritismo ganhou um impulso inimaginável. Os menos sérios apegaram-se a uma novidade no visual do médium: a peruca. Enfim, via-se uma vaidade em Chico, preocupado com a calvície a caminho. “Devemos cuidar de nossa aparência física, como cuidamos da parte espiritual. Não temos direito de chocar os outros e enfear o mundo com nossas deficiências” — dizia, divertindo-se de si mesmo. Logo mais cederia à tentação da moda dos óculos escuros.
O sucesso daquela edição do Pinga-Fogo o faria retornar aos estúdios do mesmo canal para o programa de 12 de dezembro do ano seguinte, desta vez para uma transmissão em rede nacional em parceria com outras emissoras. Mais descontraído, porém não menos atento à seriedade das perguntas, Chico dá um novo show, desta vez por cinco horas ininterruptas de entrevista. Ninguém ficou entediado. No encerramento, o público foi brindado com versos de Castro Alves, do poema intitulado ‘Brasil’, do qual destacamos o trecho adiante:
Em pleno regime militar, porém, a performance do médium desagradou parte dos críticos, que o achou por demais condescendente com a ditadura em voga.
Chico Xavier no programa Pinga-Fogo
Enquanto os críticos — especialmente os mais católicos — brigavam e sugeriam censura ao Espiritismo, Chico ficava mais famoso e procurado. Na Bienal do Livro de 1972, a fila até ele, no estande da Livraria Modelo, assumiu proporções descomunais. Quase 1.500 pessoas se esforçaram para chegar a ele. Distribuiu autógrafos das duas horas da tarde às sete da manhã seguinte; ele descansou apenas meia hora. No ano seguinte, foi atração em outra tarde-noite-madrugada de autógrafos; entre os dias 3 e 4 de agosto, no Clube Atlético Ipiranga, em São Paulo, ele deixou sua assinatura em nada menos que 2.243 livros após dezoito horas de maratona.
Não tinha moleza mesmo. Nessa década, além da catarata e dos problemas de pulmões, ele passou a sofrer de angina e pneumonia. Ademais, precisa lidar com as questões burocráticas da Comunhão Espírita Cristã; a instituição havia crescido demais e os seus dirigentes insistiam em “modernizar” o espaço. Em 1975, Chico se desligou desta entidade e em seguida fundou um novo, o Grupo Espírita da Prece, onde passou a exercer suas atividades.
Na saída do centro espírita anterior, Chico Xavier trouxe dois jovens para morar com ele: Vivaldo Cunha Borges e Eurípedes Higino dos Reis, que seria o guarda-costas de primeira linha do seu “paizinho”. Vivaldo, ele conhecia quando o rapaz trancou a matrícula na Faculdade de Medicina, em Franca, após deparar com um Espírito ao lado do cadáver que iria dissecar. O segundo, Eurípedes, então com 25 anos, convivia com Chico desde os oito, quando sua mãe começou a trabalhar na Comunhão Espírita Cristã. No novo centro, Eurípedes seria presidente e Vivaldo o secretário, cuidando também de datilografar, arquivar e editar as mensagens produzidas pela psicografia do médium e seu “pai espiritual”.
O apóstolo da mediunidade precisaria de muita ajuda e os rapazes vieram em boa hora: sua saúde se debilitava substancialmente por excesso de trabalho, como alertava seu médico e amigo Dr. Eurípedes Tahan Vieira. As horas a mais sentado psicografando e atendendo os consulentes, por exemplo, o levaram à mesa de cirurgia para tratar de uma hérnia. Quando lhe ironizavam seu sofrimento e lhe cobravam a ajuda dos amigos espirituais para ele mesmo, Chico respondia que queria ser “amigo da doença”, para sentir o que os outros sentiam e melhor lhes servir.
Na medida em que era forçado a diminuir o ritmo de trabalho a demanda aumentava — filas e filas de desgraçados, curiosos, celebridades e políticos poderosos. O filho adotivo Eurípides era o último dos vários níveis do cerco de proteção. Não faltou quem acusasse Chico de esquecer os pobres e privilegiar os famosos. Entre estes “privilegiados” estavam os melhores artistas do seu tempo: músicos (Roberto Carlos, Elis Regina, Vanusa etc.), esportistas (Pelé, Ayrton Senna etc.), astros e estrelas da televisão (Sílvio Santos, Tony Ramos, Hebe Camargo etc.) e assim por diante. As acusações se recrudesceram quando Chico atacou de ator em 1978, numa rápida cena da novela O Profeta, dirigida por Ivani Ribeiro e produzida pela TV Tupi, que falava de mediunidade: uma propaganda para o Espiritismo. Era só o começo: logo mais viria A Viagem, sucesso estrondoso na Tupi e outro maior ainda no remake da TV Globo.
Em 1979 ele seria levado aos tribunais, atuando numa novela real: dois jovens amigos inseparáveis protagonizaram uma tragédia quando, brincando com uma arma, um deles acidentalmente disparou contra o outro. José Divino foi preso defendendo sua inocência; o falecido, Maurício Henriques, confirmou a inocência do amigo e pediu sua absolvição em uma mensagem psicografada por Chico Xavier e endereça aos pais, contendo vários dados que identificava a sua autoria, além da assinatura, muito semelhante à do registro de identidade do falecido. Essa carta, usada no julgamento, foi determinante para absolver o réu. Mais propaganda para o Espiritismo.
Chico Amor Xavier
Em 1980, já havia duas mil instituições de caridade fundadas, ajudadas ou mantidas graças aos direitos autorais dos seus livros psicografados ou a campanhas beneficentes promovidas por ele. Em 1981, seu amigo e poderoso diretor da Rede Globo Augusto César Vanucci encabeçou a campanha para indicá-lo ao Prêmio Nobel da Paz, concorrendo com vultos da época, como o papa João Paulo II (prestes a visitar o Brasil pela primeira vez). Mas, apesar da empolgação dos espíritas, como prognosticado pelos analistas da época, o ano não o era ideal: Madre Teresa de Calcutá havia sido premiada no ano anterior; a tendência era diversificar a premiação e não acumular dois religiosos seguidamente. Dito e feito: uma instituição da ONU para acolhimento a refugiados internacionais levou o Nobel naquele ano.
Cada vez mais recluso no lar, por conta de sua fragilidade física, Chico despertava naturais indagações entre os confrades: quem poderia substitui-lo? Que seria do Espiritismo sem Chico Xavier? “Morre um capim, nasce outro!” — respondia ele que, com toda a dificuldade, trabalhando até o último instante, caminhando com serenidade para o fechamento glorioso de sua obra. Morreria pelo órgão que figura o sentimento que mais gastou: o amor. Faleceu aos 92 anos, vítima de parada cardiorrespiratória num dia festivo, como aliás também previra, “para que ninguém fique triste com minha partida”. Naquele 30 de junho de 2002 o país celebrava a conquista da Seleção Brasileira de Futebol, campeã da Copa do Mundo da Alemanha.
Sim, era dia de festa, mas também de choro. Certa de 120 mil pessoas acompanharam seu velório em Uberaba e uma chuva de pétalas de 3 mil rosas foram lançadas em profusão de um helicóptero da Polícia Rodoviária Federal sobre o caixão no momento do sepultamento dos seus restos mortais no Cemitério São João Batista.
Representação artística de Jesus e Chico Xavier
O livro Na Próxima dimensão, assinado pelo Espírito Inácio Ferreira, psicografado por Carlos A. Baccelli, descreve a cena do retorno de Chico Xavier à pátria espiritual, despertando no colo de sua mãe adotiva, Cidália Batista, em seguida se transferindo para os braços de Jesus:
O médium Divaldo Franco classificou Chico Xavier como um “completista”, um dos poucos Espíritos que cumpre ou mesmo excede as tarefas do seu planejamento reencarnatório na Terra. Várias pessoas próximas ao médium defenderam a ideia de que ele era o próprio Allan Kardec reencarnado — questão da qual Chico sempre se esquivou, sem peremptoriamente negar ou corroborar as hipóteses aventadas.
Divaldo Franco e Chico Xavier
A vida de Francisco Cândido Xavier é, em si mesma, toda uma obra espírita: exemplo de dedicação ao trabalho em prol do bem comum, fidelidade aos ideais de Jesus e da Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec, além de total abnegação na sua vocação mediúnica. “Um homem de bem”, tal como descrito em O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. XVII, item 3). Sua obra filantrópica não só foi gigantesca, diretamente falando — considerando a quantidade de gente atendida e o montante de bens envolvidos —, como também foi expressiva justamente por semear o espírito da caridade; é incontável o número de pessoas que transformaram suas vidas após um contato com Chico, que não desperdiçava a oportunidade de pedir, a quem dispunha de recursos, que se voltasse para o atendimento aos mais necessitados.
Fora o exemplo pessoal — que se pode considerar a mais profícua propaganda do Espiritismo depois da obra de Kardec — sua produção literária é de uma riqueza doutrinária inimaginável, conquanto não passasse isento de críticas de alguns de seus confrades, entre os quais, a propósito, Chico deparou-se com os maiores adversários: nada pior que o fogo amigo. Felizmente, insignificante minoria. Estima-se que, ainda encarnado, Chico tenha alcançado 50 milhões de exemplares vendidos.
Memorial em homenagem a Chico Xavier em Pedro Leopoldo
Através do mediunato de Chico Xavier, as perseverantes lições evangélicas de Emmanuel contribuíram para acender no movimento espírita brasileiro o apelo da obra kardequiana quanto aos nossos compromissos cristãos, como meta primordial da missão dos espíritas; com André Luiz, recebemos lições com o detalhamento de certos fenômenos que permeiam a nossa dimensão física e o plano espiritual; por Humberto de Campos, o repórter do Além, pudemos adentrar em outras tantas matérias de interesse ao estudo doutrinário espírita; pela inspiração de Castro Alves, Auta de Souza, Augusto dos Anjos e tantos poetas pais, fomos agraciados com versos carregados de magnetismo; sem esquecer às crianças, Chico também deu vez à mensagem doce de Meimei, Neio Lúcio e Casimiro Cunha especialmente dirigida ao público infantil.
Foi um sustentáculo e inspiração para outros tantos médiuns, como a amiga Yvonne A. Pereira, o polêmico Zé Arigó, Divaldo Franco, Carlos A. Baccelli, César de Almeida Afonso etc., sendo Chico até hoje considerado o maior médium de todos os tempos desde a Era espírita.
Edição especial da revista Reformador em homenagem a Chico Xavier
Para a edição especial em sua homenagem da revista Reformador, em junho de 2002, Divaldo exprimiu:
Mesmo depois de sua desencarnação, tem contribuído substancialmente para a divulgação da doutrina que abraçou de coração: no entorno das celebrações em homenagem ao centenário de seu nascimento, em 2010, o lançamento cinematográfico Chico Xavier - o filme, dirigido por Daniel Filho, levou mais de 3,5 milhões de pessoas aos cinemas — uma marca impressionante, mas que seria superada dois anos depois por Nosso Lar, dirigido por Wagner de Assis e baseado no livro homônimo de André Luiz que Chico psicografou. Nunca o Espiritismo foi tão procurado e tão aceito pelo público em nenhum lugar no mundo.
Ver: Lista completa.
Chico Xavier foi homenageado através da música por grandes artistas, por exemplo: O homem bom, Roberto Carlos; No céu da tua vibração, Elis Regina; Um abraço pro Chico, Vanusa; Chico Xavier, Fabio Júnior; Uma lágrima no Rio, Moacyr Franco etc.
Depois de dar uma palhinha na novela O Profeta, participou em 1979 do filme Joelma 23° Andar, dirigido por Clery Cunha, baseado no seu livro Somos Seis, em que seis Espíritos contam suas histórias que se coincidem na tragédia do incêndio do famoso Edifício Joelma de São Paulo ocorrido em 1 de fevereiro de 1974.
Recebeu título de cidadão honorário das mais importantes cidades do Brasil, somando mais de cem títulos desse gênero.
Inspirado em sua obra o Governo de Minas Gerais instituiu em 1999 a “Comenda da Paz Chico Xavier”, condecoração que é outorgada anualmente a pessoas físicas ou jurídicas que trabalham pela paz e pelo bem-estar social.
Em 2000, em um concurso popular realizado pela Rede Globo Minas, foi eleito o “Mineiro do século XX”, tendo vencido com 704 030 votos, muito à frente dos seguintes indicados, dentre os quais Santos Dumont e Juscelino Kubitschek.
Foi eleito o “O Maior Brasileiro da História” em 2006, numa votação popular promovida pela revista Época.
Em 2009, emprestou seu nome para o trecho da rodovia BR-050, entre a divisa dos Estados de São Paulo e Minas Gerais e a da divisa dos municípios de Uberaba com Uberlândia.
Venceu em outubro de 2012 a enquete nacional “O Maior Brasileiro de Todos os Tempos” promovida pelo SBT em parceria com o canal televisivo BBC de Londres. Na semifinal do programa, disputou com Ayrton Senna, venceu com 63,8% dos votos. Na final do programa, Xavier disputou com Santos Dumont e Princesa Isabel, vencendo com 71,4% dos votos.
Chico Xavier, o Maior Brasileiro de todos os tempos
Teve seu nome inscrito no “Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria”, documento que preserva os nomes de figuras que marcaram a história do Brasil e encontra-se no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília.
Sua biografia foi contada pelo jornalista Marcel Souto Maior no livro As Vidas de Chico Xavier, o qual ultrapassou a marca de 1 milhão de cópias vendidas e serviu de base para o roteiro de Chico Xavier - o filme, de Daniel Filho, 2010.
A Federação Espírita Brasileira apresentou em 4 de outubro de 1994, por ocasião do I Congresso Espírita Mundial, apresentou uma “moção de reconhecimento e de agradecimento ao médium Francisco Cândido Xavier”, aprovada pelo Conselho Federativo Nacional da FEB. No documento, as entidades representativas do Espiritismo no Brasil devotavam a sua gratidão e respeito ao médium “pelos intensos trabalhos por ele desenvolvidos e pela vida de exemplo, voltados ao estudo, à difusão e à prática do espiritismo, à orientação, ao atendimento e à assistência espiritual e material aos seus semelhantes.”
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