Cordão fluídico, Fio de Prata, Cordão de Prata, ou ainda Fio/Cordão Prateado, é a designação comum para o filamento fluídico que mantém a ligação entre o corpo físico e o perispírito do Espírito encarnado durante o estado de emancipação da alma em que o indivíduo se projeta à distância; tal ligação é fundamental para a vitalidade do organismo carnal — fornecida, em parte, pelo fluido vital —, ao mesmo tempo em que serve de veículo sensorial e alerta para o caso de o Espírito necessitar retornar ao abrigo corporal. A denominação da cor prateada corresponde à luminosidade em torno deste filamento, cuja intensidade é inerente ao grau de vitalidade do indivíduo encarnado. Sua cultura está presente nas principais correntes espiritualistas, bem como é sancionada pela Revelação Espírita; resulta dessa tradição, quando para figurar um perigo fatal, a expressão popular: “a vida está por um fio”.
Representação gráfica do cordão fluídico da alma em emancipação
Desde as mais antigas tradições espiritualistas, a concepção do cordão prateado é cultuada, começando pela ideia do sutratma, ou fio de antahkarana, segundo a filosofia indiana, descrito como o filamento que conecta o corpo somático e o corpo mental nos diversos estágios de projeção astral, isto é, desdobramento espiritual, experiências vividas pela consciência do ser encarnado parcialmente fora do organismo material.
Muitos espiritualistas acreditam que é sobre esta mesma concepção a referência que se verifica no livro bíblico de Eclesiastes:
No ideal de ilustrar que é através deste fio que o Espírito nutre fluidicamente a vestimenta humana, os espiritualistas também o comparam ao cordão umbilical, pelo qual o bebê em desenvolvimento está conectado à placenta da sua genitora.
O testemunho comum dos médiuns, que descrevem o fio prateado ligando o perispírito ao corpo carnal durante as excursões da alma emancipada, é corroborado pela codificação espírita.
Segundo o Espiritismo, o Espírito reencarnado tem o seu perispírito interligado ao corpo somático molécula a molécula, só se desprendendo completamente após a morte (falecimento físico), quando o indivíduo retorna à condição natural de desencarnado; todavia, enquanto encarnado a alma (Espírito encarnado) pode experimentar alguns momentos de desprendimento parcial — seja pelo sono, seja por efeito de um transe anímico. No ínterim desse estado de emancipação, a consciência pode se projetar à distância, conduzindo seu perispírito ao longe, mas permanecendo sempre conectado à gaiola humana através do filamento em destaque; inclusive, relata-se que é por meio do cordão prateado — descrito como rastro luminoso — que se pode distinguir um Espírito desencarnado de um perispírito em desdobramento anímico:
Na Revista Espírita, encontramos outra menção, desta vez com a denominação cordão fluídico, conforme a narração do Dr. Vignal, membro da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, que se manifestou mediunicamente numa das reuniões desta instituição, mesmo estando ele encarnado; o médico encontrava-se adormecido em Souilly (comuna francesa ao leste de Paris) e, respondendo à evocação de Allan Kardec, compareceu dando explicações sobre como se opera a manifestação espiritual de pessoas vivas. Dentre outras questões, ele respondeu:
Detalhando a emancipação da alma no estágio de um êxtase, o codificador espírita comenta a fragilidade da vida e a possibilidade do rompimento do fio vital que une o Espírito à matéria:
De acordo com a narração do Espírito André Luiz, pelas obras psicografadas por Chico Xavier, o fio prateado ainda permanece ativo depois da morte e o seu rompimento determina a finalização do processo de desencarnação — quando enfim o perispírito se liberta completamente das amarras físicas. Ele cita, por exemplo, o caso de um desligamento assistido:
Essa conexão fluídica — ainda que postumamente — parece ser necessária, conforme o apurado do pesquisador espírita Zalmino Zimmermann:
No exemplo da desencarnação de Dimas, narrado por André Luiz, fica patente a função revitalizadora do cordão prateado para o Espírito recém-desencarnado:
Pelas descrições clássicas, compreende-se que o fio vital aqui em evidência é uma emanação fluídica do perispírito, mais ou menos composto dos mesmos elementos que integram o corpo perispiritual do indivíduo. Sua extensão se elastece ao longe e mediante as possibilidades particulares da alma em desdobramento espiritual para se irradiar, em face de seu nível evolutivo, valendo a mesma condição para estabelecer a intensidade da luminosidade do filamento.
Trata-se, portanto, de um fio condutor de recursos energéticos pelo qual o invólucro carnal recebe do perispírito os fluidos vitais imprescindíveis para a vida material; além disso, esse filamento funciona como transmissor de sensações do organismo carnal para o fluídico e vice-versa, fazendo assim com que — quando conveniente ou necessário — a alma emancipada retorne ao corpo humano ao qual está vinculado pelo processo reencarnatório.
O cordão fluídico ficou bem ilustrado numa comovente animação em 3D que rodou o mundo em 2013: Afterline, produzida por uma turma de graduandos da faculdade politécnica de Singapura. Neste em curta-metragem, vê-se a representação do anjo da morte vindo buscar alguns pacientes num hospital, apresentando então o referido filamento sendo rompido, como sinal evidente do completo desligamento entre o Espírito e o organismo humano.
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