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Índice de verbetes


Cordão Fluídico



Cordão fluídico, Fio de Prata, Cordão de Prata, ou ainda Fio/Cordão Prateado, é a designação comum para o filamento fluídico que mantém a ligação entre o corpo físico e o perispírito do Espírito encarnado durante o estado de emancipação da alma em que o indivíduo se projeta à distância; tal ligação é fundamental para a vitalidade do organismo carnal — fornecida, em parte, pelo fluido vital —, ao mesmo tempo em que serve de veículo sensorial e alerta para o caso de o Espírito necessitar retornar ao abrigo corporal. A denominação da cor prateada corresponde à luminosidade em torno deste filamento, cuja intensidade é inerente ao grau de vitalidade do indivíduo encarnado. Sua cultura está presente nas principais correntes espiritualistas, bem como é sancionada pela Revelação Espírita; resulta dessa tradição, quando para figurar um perigo fatal, a expressão popular: “a vida está por um fio”.


Representação gráfica do cordão fluídico da alma em emancipação



Contexto histórico

Desde as mais antigas tradições espiritualistas, a concepção do cordão prateado é cultuada, começando pela ideia do sutratma, ou fio de antahkarana, segundo a filosofia indiana, descrito como o filamento que conecta o corpo somático e o corpo mental nos diversos estágios de projeção astral, isto é, desdobramento espiritual, experiências vividas pela consciência do ser encarnado parcialmente fora do organismo material.

Muitos espiritualistas acreditam que é sobre esta mesma concepção a referência que se verifica no livro bíblico de Eclesiastes:

“Lembre-se do seu Criador, antes que se rompa o fio de prata, e se despedace o copo de ouro, e se quebre o cântaro junto à fonte, e se desfaça a roda junto ao poço, e o pó volte à terra, de onde veio, e o espírito volte a Deus, que o deu.”
Eclesiastes, 12:6-7

No ideal de ilustrar que é através deste fio que o Espírito nutre fluidicamente a vestimenta humana, os espiritualistas também o comparam ao cordão umbilical, pelo qual o bebê em desenvolvimento está conectado à placenta da sua genitora.


Fio prateado em Espiritismo

O testemunho comum dos médiuns, que descrevem o fio prateado ligando o perispírito ao corpo carnal durante as excursões da alma emancipada, é corroborado pela codificação espírita.

Segundo o Espiritismo, o Espírito reencarnado tem o seu perispírito interligado ao corpo somático molécula a molécula, só se desprendendo completamente após a morte (falecimento físico), quando o indivíduo retorna à condição natural de desencarnado; todavia, enquanto encarnado a alma (Espírito encarnado) pode experimentar alguns momentos de desprendimento parcial — seja pelo sono, seja por efeito de um transe anímico. No ínterim desse estado de emancipação, a consciência pode se projetar à distância, conduzindo seu perispírito ao longe, mas permanecendo sempre conectado à gaiola humana através do filamento em destaque; inclusive, relata-se que é por meio do cordão prateado — descrito como rastro luminoso — que se pode distinguir um Espírito desencarnado de um perispírito em desdobramento anímico:

“[...] durante a vida o Espírito nunca fica completamente separado do corpo. Do mesmo modo que alguns médiuns videntes, os Espíritos reconhecem o Espírito de uma pessoa viva por um rastro luminoso que conduz ao seu corpo — um fenômeno que nunca ocorre quando o corpo está morto, porque então a separação está completa.”
O Livro dos Médiuns, Allan Kardec - 2ª parte, cap. VII, item 118

Na Revista Espírita, encontramos outra menção, desta vez com a denominação cordão fluídico, conforme a narração do Dr. Vignal, membro da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, que se manifestou mediunicamente numa das reuniões desta instituição, mesmo estando ele encarnado; o médico encontrava-se adormecido em Souilly (comuna francesa ao leste de Paris) e, respondendo à evocação de Allan Kardec, compareceu dando explicações sobre como se opera a manifestação espiritual de pessoas vivas. Dentre outras questões, ele respondeu:

Como se estabelece a relação entre vosso corpo, que está em Souilly, e vosso Espírito, que se encontra aqui?
Resp. — “Como já vos disse, por um cordão fluídico.”
Quando vedes um Espírito, como sabeis se seu corpo está morto ou vivo?
Resp. — “Pelo seu cordão fluídico”.
Revista Espírita - março, 1860: ‘Estudo sobre o Espírito de pessoas encarnadas’

Detalhando a emancipação da alma no estágio de um êxtase, o codificador espírita comenta a fragilidade da vida e a possibilidade do rompimento do fio vital que une o Espírito à matéria:

“No estado de êxtase o aniquilamento do corpo é quase completo; por assim dizer, não há mais do que a vida orgânica, e sente-se que a alma está ligada a ele apenas por um fio que um esforço a mais o romperia sem volta.”
O Livro dos Espíritos, Allan Kardec - questão 455

De acordo com a narração do Espírito André Luiz, pelas obras psicografadas por Chico Xavier, o fio prateado ainda permanece ativo depois da morte e o seu rompimento determina a finalização do processo de desencarnação — quando enfim o perispírito se liberta completamente das amarras físicas. Ele cita, por exemplo, o caso de um desligamento assistido:

“Dimas/desencarnado elevou-se alguns palmos acima de Dimas/cadáver, apenas ligado ao corpo através de leve cordão prateado, semelhante a sutil elástico, entre o cérebro de matéria densa, abandonado, e o cérebro de matéria rarefeita do organismo liberto.”
Obreiros da Vida Eterna, (André Luiz) Chico Xavier - cap. 13

Essa conexão fluídica — ainda que postumamente — parece ser necessária, conforme o apurado do pesquisador espírita Zalmino Zimmermann:

“Para muitos Espíritos, esse tempo em que permanece ligado ao corpo físico representa oportunidade de revitalização energética, após o esforço do desprendimento desencarnatório, uma vez que continuam a ser drenadas energias do veículo físico para o perispírito do desencarnante.”
O Perispírito, Zalmino Zimmermann - ‘Perispírito e Desencarnação’

No exemplo da desencarnação de Dimas, narrado por André Luiz, fica patente a função revitalizadora do cordão prateado para o Espírito recém-desencarnado:

“Somente então notei que, se o organismo perispirítico recebia as últimas forças do corpo inanimado, este, por sua vez, absorvia também algo de energia do outro, que o mantinha sem notáveis alterações. O apêndice prateado era verdadeira artéria fluídica, sustentando o fluxo e o refluxo dos princípios vitais em readaptação.”
Obreiros da Vida Eterna, (André Luiz) Chico Xavier - cap. 13


Características e funções

Pelas descrições clássicas, compreende-se que o fio vital aqui em evidência é uma emanação fluídica do perispírito, mais ou menos composto dos mesmos elementos que integram o corpo perispiritual do indivíduo. Sua extensão se elastece ao longe e mediante as possibilidades particulares da alma em desdobramento espiritual para se irradiar, em face de seu nível evolutivo, valendo a mesma condição para estabelecer a intensidade da luminosidade do filamento.

Trata-se, portanto, de um fio condutor de recursos energéticos pelo qual o invólucro carnal recebe do perispírito os fluidos vitais imprescindíveis para a vida material; além disso, esse filamento funciona como transmissor de sensações do organismo carnal para o fluídico e vice-versa, fazendo assim com que — quando conveniente ou necessário — a alma emancipada retorne ao corpo humano ao qual está vinculado pelo processo reencarnatório.


Curiosidades

O cordão fluídico ficou bem ilustrado numa comovente animação em 3D que rodou o mundo em 2013: Afterline, produzida por uma turma de graduandos da faculdade politécnica de Singapura. Neste em curta-metragem, vê-se a representação do anjo da morte vindo buscar alguns pacientes num hospital, apresentando então o referido filamento sendo rompido, como sinal evidente do completo desligamento entre o Espírito e o organismo humano.


Veja também


Referências

  • O Livro dos Espíritos, Allan Kardec - Ebook.
  • O Livro dos Médiuns, Allan Kardec - Ebook.
  • Revista Espírita, Allan Kardec: coleção 1860 - Ebook.
  • Bíblia, versão online - Site.
  • Verbete ‘Silver cord’ (em inglês) na - Wikipédia.
  • O Perispírito, Zalmino Zimmermann. Editora Allan Kardec, Campinas - SP. 4ª edição, 2002.
  • Obreiros da Vida Eterna, (André Luiz) Chico Xavier. FEB Editora.
  • Animação em 3D Afterlife, Singapura, 2013 - YouTube.


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