Erasto, também denominado Erasto de Corinto, ou Erasto de Paneas, foi um discípulo do apóstolo Paulo e um dos mais importantes trabalhadores do Cristianismo nascente. Ele foi procurador público (tesoureiro) de Corinto, na Grécia; diácono na igreja em Jerusalém e depois bispo em Paneas, na Palestina. Desencarnado, foi um dos mais ativos colaboradores da codificação do Espiritismo, principalmente através do médium Alis d’Ambel, contribuindo especialmente no esclarecimento de assuntos relacionados aos fenômenos mediúnicos, razão pela qual Allan Kardec o reputou-o um Espírito evoluído. Erasto é muito lembrado pelo movimento espírita pela célebre máxima: “Mais vale repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma única teoria errada”.
Erasto
O nome de Erasto aparece pela primeira vez na obra kardequiana em O Livro dos Médiuns, publicado em 15 de janeiro de 186; mas é certo que sua contribuição à codificação espírita começa desde os primórdios da pesquisa doutrinária de Allan Kardec, culminando com o lançamento de O Livro dos Espíritos, em 18 de abril de 1857, obra essa que teve ativa participação do personagem em questão — embora ele não tenha sido citado —, como veremos no tópico Contribuição doutrinária espírita deste verbete.
Kardec o apresenta formalmente no capítulo V, item 98 da 2ª parte de O Livro dos Médiuns, 98), tratando da teoria do fenômeno dos transportes e das manifestações físicas em geral; o autor do livro qualifica Erasto como “um Espírito cujas todas as comunicações contêm um cunho incontestável de profundidade e lógica”. Depois de informar que a referida obra iria reproduzir várias mensagens daquele Espírito, o codificador espírita completa: “Ele se apresentou pelo nome de Erasto, discípulo de são Paulo, e como protetor do médium que lhe serviu de intérprete:” O médium, no caso, era o Sr. D’Ambel, sobre quem falaremos mais adiante.
Na mesma obra literária, agora no cap. XIX, item 225 da 2ª parte, cujo assunto específico é o papel dos médiuns nas comunicações espirituais, Erasto assina uma dissertação ao lado do Espírito Timóteo. Na apresentação desta mensagem, Kardec se refere a Erasto como “Espírito superior”. A dissertação começa com o seguinte parágrafo:
“Qualquer que seja a natureza dos médiuns escreventes, que eles sejam mecânicos, semimecânicos ou simplesmente intuitivos, nossos procedimentos de comunicação com eles não variam essencialmente. De fato, nós nos comunicamos com os próprios Espíritos encarnados assim como com os Espíritos propriamente ditos, somente pela irradiação do nosso pensamento.”
Erasto e Timóteo
O Livro dos Médiuns, Allan Kardec – 2ª parte, cap. XIX, item 225
Ao fim desta comunicação reproduzida, Kardec acresce uma nota pela qual expressa seu reconhecimento pela presteza do Espírito amigo: “Esta análise sobre o papel dos médiuns e sobre os processos pelos quais os Espíritos se comunicam é tão clara quanto lógica.” Interessante observarmos esta parceira, reforçando os laços espirituais entre os dois missionários cristãos, lembrando ainda que Timóteo foi o primeiro bispo de Éfeso e aquele que era para são Paulo “filho amado e fiel ao Senhor” (I Coríntios, 4:17) e “verdadeiro filho na fé” (2 Coríntios, 1:2). Portanto, unidos no século I da era cristã, unidos na tarefa da codificação espírita.
Ainda em O Livro dos Médiuns, na mensagem numerada XXVII e presente no cap. XXXI, das ‘Dissertações Espíritas’, o próprio Espírito assina seu nome e a referência “discípulo de Paulo”, confirmando a apresentação feita por Allan Kardec.
Erasto é um personagem do Novo Testamento bíblico, formalmente citado três vezes. Pela primeira citação direta, depreende-se que ele tenha servido ao apóstolo Paulo, ao lado de Timóteo:
A segunda passagem que o cita, na epístola de são Paulo aos Romanos, tomamos nota de seu cargo público de Corinto, qual seja o de procurador (em grego, οἰκονόμος, oikonomos), equivalente a tesoureiro da cidade:
No terceiro versículo, contido na segunda epístola de Paulo a Timóteo, temos a ratificação de que Erasto era um assessor do apóstolo convertido a caminho de Damasco:
De acordo com a tradição da Igreja Ortodoxa Oriental, Erasto é contado entre os Setenta Discípulos e teria servido como diácono e mordomo da Igreja em Jerusalém, sendo mais tarde ordenado bispo de Paneas, na Palestina. A hagiografia ortodoxa celebra Santo Erasto no dia 4 de janeiro, como sendo ele um dos Setenta Discípulos, e no dia 10 de novembro, ao lado de Olimpas, Herodião (bispo de Patras), Quarto (bispo de Berito), Sosípatro (bispo de Icônio) e Tércio (bispo de Icônio).
A cultura católica diz que Erasto era descendente da tribo de Benjamim e nascera no ano 13 da Era Cristã. Sua família e a de Saulo de Tarso (São Paulo) eram conhecidas e mantinham laços de amizade. Na infância, em anos distintos, ambos receberam formação religiosa da mesma escola judaica, a dos fariseus, cujo mestre maior naquele tempo era Gamaliel, o Velho. Durante a juventude, compromissos familiares o levaram para Éfeso, movimentada cidade portuária da Ásia Menor, centro próspero de comércio e de cultura grega, com milhares de habitantes, onde a dominação romana oferecia melhores perspectivas de vida. No ano 32, sequioso de trabalho e falando perfeitamente o grego, Erasto deslocou-se para Corinto, importante colônia romana no coração da Grécia, cidade mais requintada depois de Atenas. No início da idade juvenil, Erasto tomara conhecimento das pregações do Cristo. Depois, na maturidade, ao passar por Jerusalém no ano 49, ele reviu Paulo, seu conhecido de anos passados, que estava na cidade para participar do concílio apostólico. Voltou a encontrar-se com ele em Corinto, durante a segunda viagem missionária do apóstolo dos gentios. O cargo público que ocupava na administração da cidade não lhe permitia maior exposição para realizações apostólicas. Por essa razão, abraçou publicamente o Cristianismo no ano 54, em outra cidade, Éfeso, quando hospedou o Apóstolo dos Gentios em sua casa.
Reza a hagiologia cristã oriental que os chamados “Setenta Discípulos” (na verdade, setenta e dois, segundo algumas versões), nos quais Erasto está incluso, foram os primeiros seguidores de Jesus então mencionados no Evangelho de Lucas; no texto, o Cristo os designou e enviou aos pares numa determinada missão rumo a diversas regiões. Assim principia a narração:
Na sequência, o Messias instrui detalhadamente como esses missionários deveriam se portar diante da boa ou má acolhida que recebessem.
Conquanto a listagem destes missionários seja questionada por muitos estudiosos — a dúvida valendo igualmente quanto à participação de Erasto —, é pacífico o entendimento de que nosso personagem em destaque foi um ostensivo seareiro do Cristianismo nascente, testemunhando fielmente a Boa Nova do Cristo, estando muito próximo de Paulo e Timóteo. Seu paradeiro final é desconhecido, porém é dado como certo que ele tenha sido martirizado, a exemplo de praticamente todos os seus colegas discípulos cristãos.
Em 1929, partes de uma inscrição mencionando o nome “Erasto” foram encontradas perto de uma área pavimentada a nordeste do teatro de Corinto; este achado é internacionalmente conhecido como The Erastus Inscription. A sua datação é contestada, mas é possível que a inscrição remonte a meados do século I. Trata-se de uma placa de benemérito; o texto diz “Erasto, em troca de sua edilidade, pavimentou tudo às suas próprias custas." (no original em latim: “ERASTVS. PRO. AED. SP STRAVIT”, abreviado para “ERASTUS PRO AEDILITATE SUA PECUNIA STRAVIT”). Alguns especialistas no estudo do Novo Testamento identificaram este Erasto edil (espécie de fiscal de obras públicas no Império Romano) com o Erasto mencionado na Epístola aos Romanos; não obstante, tal identificação é contestada por outros estudiosos.
No meio espírita, uma especulação foi levantada a respeito de uma possível reencarnação do Espírito Erasto durante a Era Medieval: na tradução da Revista Espírita - coleção de 1869 publicada pela EDICEL, consta um índice biobibliográfico, onde o personagem em destaque é apresentado como tendo sido Thomaz Liber, dito “Erasto”, que foi um médico, filósofo e teólogo alemão, nascido em 1524 e morrido em 1583; professor de Medicina em Heidelberg e de Moral, em Basileia. No campo da Teologia, Thomaz Liber combateu o poder temporal da Igreja e se opôs à disciplina calvinista e à ordem presbiteriana. Sua posição lhe valeu uma excomunhão, sob suspeita de heresia, sendo reabilitado algum tempo depois. Suas teorias tiveram muitos partidários, sobretudo na Inglaterra. Legou somas consideráveis aos estudantes pobres, sendo especialmente respeitado por seus gestos de benemerência. Em torno dele foi construída uma doutrina conhecida como Erastianismo.
Em sua pesquisa histórica acerca desta especulação, o escritor espírita mineiro Kleber Halfeld assim pontuou, sem refutar nem ratificar tal suposição:
Na condição de desencarnado, Erasto prestou um grande serviço em prol da obra doutrinária espírita, especialmente tratando de assuntos relacionados à medianimidade — fenômenos mediúnicos e anímicos. Desse modo, suas comunicações aparecem com frequência em O Livro dos Médiuns, publicado em 1861. Entretanto, é preciso recordar que grande parte do conteúdo desta obra veio da 1ª edição de O Livro dos Espíritos, publicado três anos e meio antes; nesta edição original, consta um capítulo inteiro — Livro Primeiro, cap. X — abordando o tema ‘Manifestações dos Espíritos’, que foi retirado da 2ª edição (1860) propositadamente, a fim de ser inserido numa obra exclusiva sobre o assunto, conforme explicou Kardec:
Inicialmente, Kardec pensava em intitular essa nova obra como “Espiritismo Experimental”, mas acabou publicando-o com o título O Livro dos Médiuns, aproveitando aqui textos nos quais seguramente podemos apontar a autoria de Erasto pela similaridade dos tópicos tratados, por exemplo: manifestações físicas espontâneas, variedades de médiuns, o papel dos médiuns nas comunicações etc.); em geral, a autoria das respostas espirituais é omitida no primeiro livro, mas é assinalada no segundo, de modo que podemos verificar a participação de Erasto em várias passagens. Isto significa que nosso protagonista estava presente e atuante na obra kardequiana desde os primeiros estudos doutrinários do codificador do Espiritismo.
Como sabemos, as respostas espirituais contidas em O Livro dos Espíritos geralmente não são acompanhadas da autoria, razão pela qual ignoramos a maioria das contribuições. No final da seção dos Prolegômenos consta uma relação de nomes que cooperaram com o autor, constando no final um “et cetera’, indicando que outros tantos Espíritos deixaram sua contribuição. Dentre estes “anônimos”, não há por que duvidar da participação de Erasto, conforme dito no tópico anterior.
Já em O Livro dos Médiuns, sua assinatura é expressa e a mais frequente nesta obra, somando uma dúzia de vezes — fora as passagens não assinadas. Depois do já mencionado item 98, quando é apresentado pelo autor da obra, e do item 225, no qual lemos a dissertação escrita em parceria com Timóteo, o nome de Erasto aparece várias vezes no item 99, fazendo anotações após as alegações do Espírito Jeannet (então evocado para dar explicações a respeito de uma série de manifestações perturbadoras por ele produzidas numa casa da rua dos Noyers, em Paris) ocasião em que Erasto complementa as informações e retifica alguns equívocos narrados pelo Espírito perturbador.
Na sequência do mesmo livro, agora no cap. XVI, o autor vai fazer uma classificação dos “médiuns especiais” e informa ao leitor que as notas espirituais, adicionadas esporadicamente, com mais detalhes sobre as referidas faculdades mediúnicas, são informações majoritariamente da autoria de Erasto e de Sócrates. Numa das classes contendo inserções atribuídas expressamente ao nosso personagem, Kardec define os “médiuns suscetíveis” desta maneira: “variedade dos médiuns orgulhosos; irritam-se com as críticas de que suas comunicações possam ser alvo; zangam-se com a menor contradição e, quando mostram o que obtêm, é para causar admiração e não para pedir a opinião de ninguém. Geralmente eles tomam aversão às pessoas que não os aplaudem sem restrições e fogem das reuniões em que não possam se impor e dominar.” Sobre estes médiuns, a nota de Erasto exprime:
O discípulo de Paulo se faz presente no cap. XX, dissertando sobre a influência moral dos médiuns. Aqui encontra-se a famosa frase pela qual muito é lembrado no movimento espírita:
Também oferece seus conhecimentos a respeito da medianimidade dos animais, no cap. XXII. Finalmente, deixa um discurso forte nas dissertações de número XXVII e XXVIII, no capítulo XXXI. Destas preciosas linhas, destacamos o trecho avante:
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, contamos quatro mensagens assinadas por este Espírito. A primeira se encontra já no cap. I, item 11, no tópico ‘A Nova Era’, fazendo apologia a santo Agostinho. Na segunda mensagem, inserida no cap. XX, item 4, dentro do tópico ‘Missão dos espíritas’, ele marca sua assinatura e acrescenta a referência “anjo da guarda do médium” (Sr. d’Ambel); consiste numa tocante exortação vocacional dirigida a todos os confrades espíritas, da qual sempre é válido recordar:
Veremos as duas outras mensagens no cap. XXI, itens 9 e 10, respectivamente denominadas ‘Características do verdadeiro profeta’ e ‘Os falsos profetas da erraticidade’, sendo que na última ele próprio novamente se identifica como discípulo de são Paulo.
Na obra O Céu e o Inferno, primeiro ele é citado como um dos Espíritos que assistem o retorno à Pátria Espiritual do Sr. Jobard (diretor do Museu da Indústria de Bruxelas, Bélgica, e presidente honorário da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas), selecionado entre os ‘Espíritos felizes’, no cap. II da 2ª parte do referido livro; depois, ele assina uma comunicação, dentro do cap. VII, pela qual dá mais informações — que Kardec frisa como sendo “dignas da mais séria atenção” — sobre a situação de Lapommeray, um Espírito endurecido “castigado pela luz”, sobre quem o benfeitor espiritual comenta:
Logo mais, no capítulo VIII, falando das expiações terrestres, Erasto complementa a narração do drama do Espírito sofredor Antonio B, “enterrado vivo sob a pena do talião”.
O ilustre nome espiritual foi grafado também em alguns fascículos da editada por Allan Kardec, tal como nos artigos: ‘Epidemia demoníaca na Saboia’, de abril de 1862; ‘Hereditariedade moral’, de julho de 1862; ‘Questões e problemas’, de maio de 1863 e assim por diante.
Nas Obras Póstumas de Allan Kardec (1890), vamos nos deparar com uma mensagem sobre o futuro da igreja, assinada apenas com a inicial “E”, recebida pelo médium Sr. d’A... em 30 de setembro de 1863 — mesma época das comunicações ditadas por Erasto ao Sr. D’Ambel que seriam aproveitadas em O Evangelho segundo o Espiritismo e na Revista Espírita. Tanto o assunto em questão quanto o estilo da escrita nos sugerem fortemente que a composição é do nome principal deste verbete. Vejamos um trecho desta mensagem:
E para reforçar nossa suposição, um pouco mais à frente se pode ver o nome de Erasto no diálogo mediúnico datado de 14 de outubro do mesmo ano, através do mesmo médium Sr. d’A..., no tópico ‘Vida de Jesus por Renan’, em referência ao livro Vie de Jésus [Vida de Jesus], recém-publicado pelo historiador francês Ernest Renan (1823-1892).
Em suma, ficou assaz evidente quão profícua foi a cooperação do Espírito Erasto na bibliografia kardequiana.
Servindo à obra de Allan Kardec, Erasto se manifestou através de Alis d’Ambel, vice-presidente da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, médium da confiança do codificador espírita e seu primeiro secretário particular. Seu nome batismal era Emmanuel Balthazard Marie Eugène Alis d’Ambel, mas ao longo da vida ele se apresentou com diversos pseudônimos (Abel d’Islam, Marie Alis, A. D’A., Al. de Paris, E. Alis etc.). D’Ambel era o médium predileto de Erasto, mas ele também recebeu comunicações de diversas entidades (Espírito Verdade, Jobard, François-Nicolas Madeleine etc.).
A estima que o mestre tinha pelo seu secretário-médium fica bem ilustrada através de uma carta de Kardec (de viagem à Sainte-Adresse, em retiro a fim de escrever O Evangelho segundo o Espiritismo) para sua esposa, Amélie Boudet, escrita em 6 de setembro de 1863, na qual ele roga: “Darás conhecimento desta resposta ao Sr. D’Ambel e lhe dirás que eu ficaria muito contente se Erasto, a Verdade ou qualquer outro Espírito bom houvesse por bem me dar uma comunicação em meu retiro.” Contudo, o pesquisador espírita Carlos Seth Bastos anota:
Esse curto período de notoriedade do médium tem uma explicação: D’Ambel desertou do círculo kardecista apostando em criar sua própria corrente espiritualista, cheio de ideias ousadas, muito em sintonia com as ideias de André Pezzani, autor de Une philosophie nouvelle [Uma filosofia nova]; em 1864, ele funda o jornal L’Avenir [O futuro], para o qual o secretário de Kardec vai escrever textos defendendo questões polêmicas, por exemplo, a de uma “morte espiritual”.
Kardec é alertado sobre a leviandade de Alis d’Ambel durante uma sessão sonambúlica em 8 de outubro de 1865.
Os presságios não eram otimistas para os dissidentes: a nova doutrina e a revista de D’Ambel iriam arruinar e levar junto o médium predileto de Erasto. Foi o que ocorreu; o último exemplar do L’Avenir foi às bancas já em abril de 1866, uma semana depois da publicar a oitava e última parte da série que compunha a fatídica obra O Livro de Erasto, cujo teor desconfigurava totalmente o conhecido estilo do assessor paulino, como bem analisou Carlos Seth Bastos: “Além da ‘doutrina dos anjos caídos’, encontramos alguns trechos estranhos como a descrição das pessoas da era anti-hebraica. Erasto, irreconhecível, também se esqueceu da cultura oriental, além de apresentar o Cristo como salvador etc.” Sete meses depois da falência do ousado jornal, Alis d’Ambel se suicida em seu apartamento. Kardec, por sua vez, lamentou publicamente a tragédia do ex-confrade:
Ninguém sensato ousará duvidar dos constantes esforços do Espírito Erasto no sentido de instruir D’Ambel, seu médium apadrinhado de outrora, a fim de vencer os desafios comuns da mediunidade, e sobretudo para dissuadi-lo do golpe final contra si mesmo que lhe arrancou a vida terrena pela terrível porta do suicídio; porém, o mentor espiritual não pode cercear o livre-arbítrio daquele que tenha conquistado tal direito sagrado com seu discernimento.
Desde o funesto desfecho da parceria Erasto-D’ambel, não mais vimos o nome do emérito Espírito atribuído a alguma nova comunicação espiritual na obra kardequiana; dele, a Revista Espírita de fevereiro de 1868 vai publicar, dentre outras “instruções do Espíritos”, as mensagens ‘O futuro do Espiritismo’ e ‘O juízo final’, mas datando seu recebimento respectivamente de 1863 e 1861 — portanto, bem antes de Alis d’Ambel deixar a Sociedade Espírita de Paris. Todavia, é indubitável que Erasto tenha continuado e ainda continue a servir à causa espírita. E por tudo que fez em prol da nossa doutrina, ele será sempre lembrado como um dos grandes patronos da humanidade.
A grafia Erasto vem do grego εραστο, transliterado para o latim como Erastus, significando “o que é amado, querido”.
Erasto empresta seu nome ao segundo centro espírita mais antigo do Estado de Alagoas, no Nordeste brasileiro; segundo o portal da Federação Espírita do Estado de Alagoas, o Grupo Espírita Erasto, de Maceió, foi fundado em 10 de outubro de 1910 e continua ativo até os dias atuais.
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