Espiritualismo é a ideia, ou crença, que basicamente admite a existência do Espírito, como sendo o ser inteligente individualizado cuja essência é independente do organismo físico (embora o Espírito possa estar momentaneamente associado a um corpo material, durante o período de encarnação) e, portanto, com relação ao ser humano, sobrevivente à morte; neste contexto, é antônimo de materialismo. De maneira geral, todas as religiões se fundamentam no espiritualismo. Chama-se espiritualismo o conjunto de todas as doutrinas comuns a esse princípio da realidade espiritual, dentre as quais destacam-se diversas correntes tais como: Espiritualismo Moderno, Espiritualismo Racional (ou Filosófico) e Espiritismo; seus adeptos são chamados espiritualistas. Como vivência prática (estilo de vida, direcionamento dos valores e do sentido da vida) é sinônimo de espiritualidade (Ex: “O espiritualismo faz bem à saúde física e mental”).
A crença na sobrevivência da alma e da vida após a morte é instintiva e está presente em toda a História da humanidade, manifestada nas mais diversas culturas. Ao ser sobrevivente no além-túmulo, convencionou-se dar o nome espírito, do qual deriva o termo espiritualismo: espírito + ismo (ideia, doutrina, crença, movimento) = “crença nos espíritos”. Desta forma, o termo alma se refere ao ser espiritual encarnado, enquanto espírito diz respeito ao indivíduo desencarnado.
O termo espiritualismo tornou-se bem conhecido na passagem do século XVIII para o século XIX a partir de movimentos que se opuseram às ideias materialistas (de que tudo, inclusive o fenômeno da vida e as manifestações de inteligência e sentimentos, é oriundo simplesmente das leis da matéria, através das reações fisioquímicas). Nesse sentido, uma escola filosófica que teve certa notoriedade foi a do Espiritualismo Racional (ou Filosófico), concentrada entre pensadores francês como: Maine de Biran (1766-1824), Victor Cusin (1792-1867) e Royer Collard (1763-1845), defendo a “realidade suprema do Espírito em relação à matéria”, frontalmente contrário ao Positivismo de Augusto Comte (1798-1857), que seduzia os intelectuais de seu tempo. Contudo, a grande popularização da palavra em questão se deu com a eclosão do Espiritualismo Moderno, nascente da extraordinária fenomenologia mediúnica que surgiu em meados do século XIX nos Estados Unidos da América.
Bem quando as teorias materialistas alcançaram seu apogeu nos círculos acadêmicos, os grandes centros urbanos foram tomados de uma moda vinda da América: as Mesas Girantes, em que as pessoas se reuniam em salões públicos e ambientes familiares para evocação de Espíritos, à maneira das sessões promovidas pelas Irmãs Fox, que protagonizaram o famoso episódio de poltergeist de Hydesville, no interior do Estado de Nova Iorque, em 1848.
Irmãs Fox: Margaretta, Catherine e Leah
Esse movimento imigrou dos EUA para a Europa e demais localidades mundo afora e ficou conhecido como Espiritualismo Moderno; um surto de mediunidade que o escritor britânico Arthur Conan Doyle denominou de “Uma verdadeira invasão Organizada de Espíritos”, sobre a qual escreveu:
O Espiritualismo moderno também serviu para estabelecer na cultura popular um sentido humanizado ao vocábulo espírito, desvinculando-o de termos como “fantasma”, “assombração”, “alma penada” e outras denominações pejorativas com relação aos mortos que se manifestam.
O Espiritismo é uma doutrina essencialmente espiritualista, uma vez que se fundamenta na existência dos Espíritos, razão pela qual Allan Kardec assinalou no frontispício de O Livro dos Espíritos a inscrição "Filosofia Espiritualista"; portanto, a Doutrina Espírita faz parte do universo espiritualista, todavia, ela tem especialidades que caracterizam sua exclusividade com relação às demais correntes espiritualistas, requerendo assim uma identidade particular. Pensando nisso, o codificador espírita explica a denominação especial da nova doutrina:
Em suma, o desígnio espiritualismo é genérico, abrangendo todas as crenças religiosas clássicas e doutrinas filosóficas que admitem a realidade substancial do Espírito; deste modo, podemos dizer que os espíritas são espiritualistas, mas que nem todos os espiritualistas são espíritas, posto que o Espiritismo tem uma base doutrinária especifica cujos conceitos não são admitidos igualmente pelos adeptos de outras escolas espiritualistas.
Allan Kardec, o codificador do Espiritismo
A tabela a seguir exemplifica a diferença entre Espiritismo e outras duas escolas espiritualistas:
ESPIRITISMO E OUTRAS CRENÇAS ESPIRITUALISTAS | ||||
Doutrinas | Conceitos doutrinários admitidos | |||
Deus | Imortalidade da Alma | Reencarnação | Céu e inferno | |
Espiritismo | sim | sim | sim | não |
Catolicismo | sim | sim | não | sim |
Budismo | não | sim | sim | não |
De igual maneira, mesmo sendo espiritualista, o Espiritismo não compartilha de todos os outros elementos doutrinários e de práticas comuns do espiritualismo; por exemplo, os espíritas não comungam do ocultismo e misticismo típico de tantas vertentes espiritualistas.
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