Kardecismo é um termo derivado do nome Kardec, em alusão ao pseudônimo de Hippolyte Léon Denizard Rivail — Allan Kardec —, adotado em face de seu trabalho de codificar o Espiritismo; é composto pela junção Kardec + ismo, significando exatamente “doutrina de Kardec”, portanto, aplicável como sinônimo de Espiritismo. Por extensão do sentido, o adjetivo kardecista equivale a espírita, donde a expressão doutrina kardecista equivale a doutrina espírita, em referência ao sistema doutrinário específico baseado nos conceitos fundamentais propostos por Kardec; outra variante desse adjetivo, e com o mesmo sentido, é kardequiano.
Allan Kardec
Essa designação tornou-se corrente entre os primeiros adeptos do movimento espírita, assim como entre os seus críticos, sendo inclusive adotada por enciclopédias renomadas, tais como a de Oxford e a Barsa, além de dicionários tradicionais, como o Houaiss.
Alguns pensadores espíritas já demonstraram resistência em aceitar a designação Kardecismo, como equivalente a Espiritismo, sob a alegação de que tal vocábulo denota “erroneamente” a ideia de que a Doutrina Espírita seja obra de Allan Kardec, enfatizando que ela é obra dos Espíritos.
Em dado momento, igualmente o codificador espírita desconsiderou tal qualificativo, enaltecendo a verdadeira autoria da referida doutrina:
De outra feita, num discurso em 1867, o mesmo Kardec fez uso do termo, sem expressar repulsa absoluta — o que demonstra ainda que ele tinha conhecimento do uso corrente deste qualificativo:
À vista dessa despreocupação sistemática com as denominações, outros estudiosos espíritas, a exemplo dos enciclopedistas, consideram cabível — e, ocasionalmente, até apropriado — o uso do termo kardecismo, em razão de muitas vezes parecer necessário distinguir a Doutrina Espírita codificada por Kardec de outras concepções espiritualistas que se apropriam dos termos Espiritismo e espírita; nesse sentido, Kardecismo especifica o Espiritismo Kardecista. Sobre aquela recomendação do codificador, para que não lhe fosse atribuído qualquer mérito, estes estudiosos põem na conta da modéstia de Kardec, uma vez que a codificação — de acordo com estes — não lhe foi ditada pronta, mas foi sim habilmente compilada por ele; alguns vão além, alegando que o Espiritismo é essencialmente a interpretação kardequiana da revelação espiritual ocasionada pelo movimento Espiritualismo Moderno, ou seja, uma obra de Kardec, com base nos ensinamentos dos Espíritos — mas ainda assim, uma obra kardequiana.
De fato, considerando o aspecto dos movimentos culturais e doutrinários, as expressões espiritismo e espírita foram generalizadas e aos poucos substituíram os termos espiritualismo e espiritualista. Mesmo Allan Kardec — o criador daquelas expressões — as aplicou de maneira geral, designando fenômenos fora do âmbito da Doutrina Espírita (sistema), por exemplo, classificando como “manifestações espíritas” ocorrências mediúnicas quaisquer.
Há ainda quem proponha que o termo Espiritismo continue sendo aplicável a todo o universo correspondente ao espiritualismo — com toda a sua generalidade —, assim como à prática geral da mediunidade, enquanto o conjunto dos conceitos doutrinários ditados pelos Espíritos e codificados por Kardec devesse ser chamado apenas de Doutrina Espírita. Ainda nesse contexto, contudo, a expressão Kardecismo ficaria restrita às ideias particulares alinhadas com o pensamento de Allan Kardec.
Em suma, compreendemos o vocábulo Kardecismo como sinônimo de Espiritismo e de Doutrina Espírita, como termos perfeitamente equivalentes e significando então o conjunto de conceitos codificados por Allan Kardec, em acordo com a revelação dos Espíritos superiores — também caracterizada como a Terceira Revelação. As demais doutrinas e correntes mais ou menos parecidas — ainda que sejam compostas de algumas concepções similares, mas que não acompanham integralmente a codificação espírita — são classificadas como espiritualistas.
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