Ectoplasma é uma substância semimaterial fluídica, expelida pelos médiuns, utilizada para a produção de fenômenos mediúnicos de efeitos físicos, por exemplo, a materialização de Espíritos e mediunidade de cura. O termo foi cunhado pelo fisiologista francês Charles Richet e originalmente publicado em 1922 no seu Tratado da Metapsíquica, pelo qual relata suas observações acerca de manifestações extraordinárias através de médiuns como Eusapia Palladino e Eva Carrière. Na Codificação Espírita, Allan Kardec não utilizou qualquer denominação especial para essa substância, considerando-a simplesmente como uma variação do fluido Cósmico Universal, dentro da subdivisão daqueles fluidos que são necessários para a mediunidade, de maneira que, naturalmente, o uso do termo ectoplasma se consagrou no meio espírita, bem como no meio científico e cultural em geral.
Ectoplasma vem dos termos gregos ektós = “por fora” e plásma = “substância modelada, figura afeiçoada”, e, ao aplicar este vocábulo ao fluido presente nos fenômenos mediúnicos, seu idealizador Charles Richet procurou fazer um paralelo com o ectoplasma descrito pela Biologia, que consiste em uma camada que envolve o citoplasma (espécie de fluido gelatinoso presente no interior das células ao redor do núcleo).
Segundo o pesquisador italiano Ernesto Bozzano, em seu livro Pensamento e Vontade, é a esse mesmo fluido ectoplasmático que se referem certos alquimistas do século XVII, denominando-o de formas diversas, como, por exemplo, Mysterium Magnum (por Paracelso) e Matéria Prima (por Tomas Vaogan).
“Quanto a Swedenborg, parece que experimentou consigo mesmo, visto que, em sua primeira visão iniciática, nos fala de uma espécie de vapor que lhe saía de todos os poros, um vapor d'água assaz visível, que descia até roçar no tapete.”
Pensamento e Vontade, Ernesto Bozzano - 'Ideoplastia'
De acordo com anotações de vários pesquisadores, o ectoplasma é uma substância fria, úmida, um tanto viscosa e, em geral, inodora. Sua forma moldável permite ser manipulada de forma a permanecer diáfana e ou se concentrar, ganhar solidez, cor (esbranquiçada) e brilho, tornando-se visível e tangível.
A obra Perispírito, do Dr. Zalmino Zimmermann faz uma copilação resultante das pesquisas realizadas por importantes cientistas acerca dessa substância, descrevendo desta maneira:
“Assim, tem-se observado que se trata de uma substância de natureza filamentosa ou fibrosa, que, quando visível, pode apresentar-se branca, preta ou cinzenta, embora a primeira seja a mais frequente e, por vezes, apareçam as três cores simultaneamente.
Perispírito, Zalmino Zimmermann - Cap. V: 'Materialização'
A visibilidade é variável, podendo parecer luminosa e com intensidade que cresce ou diminui. Pode, também, ser invisível e, ainda, comparecer tangível ou não.
Geralmente, ao natural, é inodora, embora, às vezes, possa desprender um odor particular difícil de ser descrito. (...)
Por vezes, o ectoplasma é frio e úmido; em outras, viscoso e semilíquido, mas raramente seco e duro (quando forma cordas é duro, fibroso, nodoso).
Dilata-se ou expande-se fácil e suavemente.
Ao tato pode-se senti-lo como uma teia de aranha.
Uma corrente de ar pode agitá-lo ou movê-lo. Move-se, às vezes, lentamente, numa espécie de movimento reptiliano, sobre o corpo do médium; outras vezes, o movimento é súbito e rápido.
É de extrema sensibilidade, podendo aparecer ou desaparecer com a rapidez de um relâmpago.
Obediente à ação mental, é sensível ao toque físico e, particularmente, à luz. Por isso, por ser extremamente fotossensível, a eficácia do processo ectoplásmico, nas sessões de materialização, geralmente imprescinde da obscuridade.”
Essa substância gasosa é expelida pelos médiuns pelos poros e, de maneira mais fácil e substancial, pelos orifícios da boca e das narinas. Estudando-a, o pesquisador e farmacêutico britânico James Blake chegou até a propor a sua composição química: C120H1184N218S5O249.
Muitos estudiosos que analisaram a substância encontram células anucleadas em sua constituição. Para o Dr. Jorge Andréa, por exemplo, o ectoplasma seria uma substância originária no protoplasma das usinas celulares, onde o ATP (trifosfato de adenosina) teria expressiva participação, ao lado de outros elementos:
“O ectoplasma seria substância originária do protoplasma das usinas celulares, onde o ATP (trifosfato de adenosina) teria expressiva participação, ao lado de outros elementos. Dessa forma, não podemos deixar de considerar a importância do fósforo nas atividades bioquímicas orgânicas e, consequentemente, no desenvolvimento do processo ectoplásmico em suas específicas dosagens.
Dinâmica Psi, Jorge Andréa - 'Ectoplasma (Mediunidade de efeitos físicos)'
No núcleo celular existiriam fontes específicas de energia, ligadas ao ADN e ARN (ácidos desoxirribonucleico e ribonucleico), a comandarem os processos metabólicos mais expressivos no soalho protoplasmático. O elemento participante ativo desse processo de formação de energias no corpo celular seria o ATP (trifosfato de adenosina), resultante do ciclo bioquímico específico de Krebs. O ATP [...], sendo a primordial fonte de energia nos processos celulares, estaria comprometido na formação do ectoplasma.”
Observando o fenômeno de materialização espiritual, o codificador espírita, Allan Kardec, assim o descreveu:
“Em geral, apresentam-se sob uma forma vaporosa e transparente, às vezes vaga e imprecisa. A princípio é quase sempre uma claridade esbranquiçada, cujos contornos pouco a pouco se vão desenhando. Doutras vezes, as formas se mostram nitidamente acentuadas, distinguindo-se os menores traços da fisionomia, a ponto de se tornar possível fazer-se uma descrição completa da aparição.”
O Livro dos Médiuns, Allan Kardec - 2ª Parte, Cap. VI, item 102
O fluido ectoplasmático é o instrumento pelo qual os médiuns e Espíritos atuam na nossa dimensão física exteriorizando potências espirituais (daí por que se diz ser uma atividade paranormal), através de fenômenos diversos, dentre os quais a tiptologia (pancadas e batidas), a telecinesia (movimento de objetos à distância) e a materialização de formas espirituais (objetos, corpo humano ou membros etc.).
Enquanto alguns imaginam o ectoplasma como somente aquele na forma mais concentrada, visível e palpável, quando do fenômeno de materialização, outros o interpretam como sendo o tipo de fluido mediúnico envolvido em todas as manifestações físicas, como, por exemplo, nas cirurgias espirituais e mesmo na terapia magnética.
“Colhendo o ectoplasma em suas diversas fontes, os Espíritos o manipulam, empregando-o em cirurgias que acontecem, até, em recinto aberto e iluminado, no meio da multidão. [...] O certo é que, seguidamente, sem nenhuma manifestação ostensiva, silenciosamente, independentemente de lugar ou circunstância, de dia ou de noite, operam os Espíritos, dinamizando os recursos ectoplásmicos disponíveis em benefício da humanidade necessitada, lenindo dores e construindo consolações.”
Perispírito, Zalmino Zimmermann - Cap. V: 'Materialização'
No típico fenômeno das Mesas Girantes, é o fluido ectoplasmático emitido pelos médiuns, sob o controle inteligente dos Espíritos, que cria uma espécie de campo de força capaz de exerce certa pressão para movimentar o móvel, fazendo-o levitar, girar, dançar, bater com as pernas no chão, emitir estalos etc.
Discorrendo sobre as manifestações de materialização de Espíritos, assim diz Kardec:
“Quando o Espírito nos aparece, é que pôs o seu perispírito no estado próprio a torná-lo visível. Mas, para isso, não basta a sua vontade, porque a modificação do perispírito se opera mediante sua combinação com o fluido peculiar ao médium.”
O Livro dos Médiuns, Allan Kardec - 2ª Parte, Cap. VI, item 105
Alguns médiuns reconhecidos por suas capacidades de ectoplasmia: Eusapia Palladino, Elizabeth d'Espérance, Daniel Dunglas Home, Linda Gazzera, Eva Carrière, Carmine Mirabelli, Anna Prado, Peixotinho, Zé Arigó etc.
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